Título: Polícia indica 7 responsáveis por acidente da TAM em SP
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 15/07/2008, Brasil, p. A3

Relatório da Polícia Civil de São Paulo deve citar sete pessoas como responsáveis pelo maior acidente da história da aviação brasileira, disse ontem o delegado Antonio Carlos Menezes Barbosa, que coordena as investigações sobre a queda do Airbus A320 da TAM, ocorrida em julho do ano passado. Ele não informou os nomes nem os cargos dos possíveis indiciados, mas confirmou que a responsabilidade deve ser partilhada "de sete a dez pessoas. Provavelmente, só sete. Já temos, mais ou menos, uma lista de quem vamos citar. Mas não vamos falar para não atrapalhar as investigações", afirmou Barbosa. O relatório será encaminhado ao Ministério Público.

De acordo com o delegado, os indiciados devem responder pelos crimes de lesão corporal culposa e homicídio culposo, ou seja, sem intenção. Ele disse ainda que as investigações apontam negligência e imprudência como causas do acidente que matou 199 pessoas e feriu outras 15.

O inquérito do deve ser concluído em outubro, disse o delegado. Segundo ele, a polícia aguarda a conclusão do laudo do Instituto de Criminalística, além da chegada de cartas precatórias, com depoimento de diretores e ex-diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero) e sindicatos, para encerrar o relatório de investigação. "Mesmo que as cartas não sejam remetidas, vamos suprir a falta dessas declarações com depoimentos feitos na CPI do Apagão Aéreo."

O laudo, disse o delegado, deve ficar pronto em meados de setembro. O perito Antonio Nogueira disse estar finalizando seus estudos. Entre as conclusões está a de que a pista do aeroporto de Congonhas tinha a macrotextura dentro dos padrões exigidos. "O requerido é que a pista tenha uma macrotextura de 0,5 milímetro ou mais. A pista de Congonhas tinha 0,6 milímetro", disse o perito, ressaltando que outras falhas na área de pouso colaboraram com o acidente. "A pista de Congonhas tem 1.940 metros de extensão. A pista mais curta de Cumbica tem 3 mil metros", afirmou Nogueira. "Em Cumbica, indiscutivelmente, o acidente poderia ter sido evitado."

Nogueira disse que não houve falha mecânica no manete usado para desacelerar o avião. "Já fizemos vários testes e não constatamos falha mecânica. Agora, precisamos saber se o piloto errou ao não desacelerar o avião ou se algum outro fator fez com que ele mantivesse a aceleração." Após a conclusão do relatório da polícia, o Ministério Público terá de enviar denúncia à Justiça com as conclusões do órgão sobre a responsabilidade pelo acidente.