Título: Ministros do Mercosul são contra tentativa de criar novas cotas na OMC
Autor: Rosas*, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 15/07/2008, Brasil, p. A5

O ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou que retrocessos na postura dos países desenvolvidos podem tornar mais árduo o caminho para um acordo na Rodada Doha, embora acredite que seja possível chegar a um entendimento no encontro da Organização Mundial do Comércio (OMC) marcado para o próximo dia 21 de julho, em Genebra.

"Estou realista: achando que é possível, mas sabendo que não é fácil. É assim que vamos entrar lá", disse Amorim, que participou ontem de encontro com representantes de Argentina, Paraguai e Uruguai, no Rio de Janeiro, para fechar a posição do bloco de países para a negociação.

Quanto ao item acesso a mercados de produtos agrícolas, o ministro disse que não houve avanços em relação ao texto anterior, principalmente no tocante à áreas de interesse para o Mercosul. "E houve mesmo alguns retrocessos", afirmou.

O chanceler brasileiro frisou que, entre os retrocessos, está a tentativa de países desenvolvidos de proteger com cotas produtos que não tinham essa garantia na Rodada Uruguai. "Achamos que isso abre uma caixa preta em que qualquer produto poderá entrar, com graves prejuízos para os nossos interesses nos mercados dos países ricos", acrescentou o ministro. O principal receio do setor agrícola é que os países ricos solicitem a criação de cotas de importação para o etanol.

O tom de encontro foi de que os países desenvolvidos precisam dar maior flexibilidade à questão agrícola. "Os desenvolvidos têm que fazer o maior esforço e, nos documentos que temos, isso não está claro", disse o chanceler argentino, Jorge Taiana. Amorimtambém foi taxativo na questão, embora tenha afirmado que a falta de avanço não surpreendeu os líderes do Mercosul. (*do Valor Online, com Agência Brasil)