Título: Aécio deve liderar mudanças, diz Garibaldi
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 17/07/2008, Política, p. A9

O presidente do Congresso Nacional, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), defendeu ontem a realização de amplas reformas institucionais no país e convocou o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), a liderar o movimento a favor de mudanças em âmbito nacional. Convidado a ser o orador oficial da solenidade de entrega da medalha "Dia de Minas", realizada na cidade histórica mineira de Mariana, o senador não poupou elogios ao governador tucano, qualificado por ele de "herdeiro político" do ex-presidente Tancredo Neves.

"Estamos aqui para dizer a Aécio Neves que ele precisa escrever uma nova página na nossa história. E precisamos dizer que foi aqui em Mariana que Aécio Neves, neto de Tancredo, assumiu perante a Nação a responsabilidade de deflagrar uma pregação em favor não só da reforma tributária, mas em favor de reformas que não podem ser mais adiadas, sob a pena de comprometer o desenvolvimento do país", disse Garibaldi.

Entre essas reformas, ganhariam destaque as mudanças na esfera política, na avaliação do presidente do Congresso. "A reforma política significa equilíbrio, coragem, preparo, significa tudo aquilo que vossa excelência tem e poderá emprestar na hora em que se lançar a esta cruzada, que eu, vindo de Brasília, quero lhe convocar", afirmou Garibaldi.

Aécio Neves, ao final de seu discurso, não deixou de responder ao convite do senador, afirmando que, no momento adequado, pretende estar presente nas discussões. "Que a bucólica paisagem das Minas Gerais possa me manter sereno e que a nossa história possa servir de exemplo para, quando for a hora, eu dizer ao Brasil que Minas mais uma vez se faz presente", disse o governador - um dos nomes cotados a disputar a sucessão presidencial de 2010.

Segundo Garibaldi, o Congresso está instalando uma comissão multipartidária para discutir propostas de reforma política. Nessas mudanças estaria, entre outros pontos, a intenção de coibir o uso abusivo de medidas provisórias pelo Executivo, que vem resultando no "aviltamento" do Senado e da Câmara. "Por causa das medidas provisórias, o Congresso pouco tem legislado nesses últimos anos", disse Garibaldi, lembrando que em 2007 o Senado realizou 121 sessões deliberativas, mas que 70 delas tiveram a pauta de votação trancada devido às MPS.

"Não são só as MPs que atrapalham o Congresso, mas elas constituem o grande vilão", afirmou Garibaldi. Aécio Neves também criticou o uso de MPS e defendeu a imposição de limites ao Executivo. "Está havendo um exagero", disse. O governador ressaltou que, à época em que presidiu a Câmara, foram aprovadas mudanças para inibir a edição das MPS, uma vez que passou a ser obrigatória a sua apreciação pelos parlamentares. "Antes, elas podiam ser renovadas sucessivamente".