Título: Chinaglia convoca sessão a partir de 4 de agosto
Autor: Jayme , Thiago Vitale ; Ulhôa , Raquel
Fonte: Valor Econômico, 17/07/2008, Política, p. A10

O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ganhou a primeira queda-de-braço contra a base aliada sobre os trabalhos na Casa no segundo semestre. Os líderes governistas têm pressionado o petista, há quase três semanas, para convocar votações em plenário para duas semanas de agosto e uma setembro, configurando o chamado "esforço concentrado". Os deputados querem vir menos a Brasília para se dedicarem mais às eleições municipais de outubro.

Nas últimas semanas, Chinaglia tem travado embate com os líderes governistas. Em reunião na semana passada, em clima tenso, o presidente da Câmara chegou a dizer que tinha "mecanismos de pressão" para fazer com que os parlamentares viessem a Brasília. Em três reuniões realizadas ontem e terça-feira, o clima estava mais ameno.

Chinaglia aceitou a proposta de apenas uma semana de trabalho em setembro, mas não abriu mão de agosto. Chegou até a cogitar não dar falta (e descontar salário) dos deputados candidatos. Mas a posição do DEM impediu o acordo. O partido está em permanente obstrução: não quer a votação da proposta de emenda à Constituição que muda as regras sobre edição de medidas provisórias e combate a proposta governista de criação da Contribuição Social para a Saúde (CSS), a nova CPMF.

Chinaglia aceitaria o acordo de duas semanas em agosto caso uma pauta consensual de projetos fosse acertada, de preferência com uma pauta positiva para tentar melhor a imagem da Casa. Com receio de que o DEM vá obstruir os trabalhos mesmo que se chegue a um acordo de propostas, o presidente da Câmara estica a corda ao máximo.

"Com a obstrução, não é possível chegar a um acordo", afirmou ontem, no início da noite, o vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sem acordo, Chinaglia convocou sessão extraordinária para o dia 4 de agosto, segunda-feira, primeiro dia oficial de trabalho do segundo semestre.

A partir da produtividade dessa primeira semana de trabalho, Chinaglia e os líderes avaliarão como será o ritmo de votações no restante do mês de agosto. As chances de sucesso são pequenas. Primeiro, porque o presidente da Câmara não abre mão de mudar o rito das MPs. Conseqüentemente, o DEM continuará obstruindo. E o plenário estará trancado por cinco medidas provisórias.