Título: Preços fortaleceram pólos de grãos em 2007, mostra IBGE
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 18/07/2008, Agronegócios, p. B13

Nada como bons preços para estimular aumentos de plantio e valor bruto da produção em um país agrícola como o Brasil. É o que mais uma vez comprova a pesquisa "Produção Agrícola Municipal" (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos resultados relativos a 2007 foram divulgados na quinta-feira.

Foi um ano de elevação dos preços dos grãos nos mercados internacional e doméstico, e o impulso advindo da alta se refletiu em crescimentos de 20,5% da área plantada com essas culturas em relação a 2006, para 45,928 milhões de hectares, de 13,7% na colheita, que chegou a 133,3 milhões de toneladas, e de 36,5% do valor da produção ("da porteira para dentro"), que alcançou R$ 55,9 bilhões.

A soja manteve-se como carro-chefe do campo nacional, com participação de 43,5% na produção total de cereais, leguminosas e oleaginosas, e o milho, com exportações surpreendentes em 2007, ficou com fatia de 38,9%, ainda na segunda posição. Arroz, trigo e feijão completam a lista dos cinco principais cultivos.

Com o milho valorizado, o Paraná ampliou a liderança entre os maiores Estados brasileiros de grãos. Respondeu por 21,8% da produção e deixou o Mato Grosso, o maior quando levada em consideração apenas a soja - a cultura representou 62,1% da colheita local -, na segunda colocação, com participação de 18,1%.

A força mato-grossense ganha maior nitidez no ranking dos maiores municípios agrícolas do país em valor da produção. Ainda encabeçada por São Desidério, na Bahia, que tem foco no algodão (cultura que exige mais investimentos, mas proporciona renda maior), a lista das dez maiores abriga oito cidades do Estado do Centro-Oeste do país.

Com área plantada total de 445,6 mil hectares e colheita de 1,317 milhão de toneladas (incluindo todos os cultivos), São Desidério viu o valor de sua produção aumentar 46,1% em relação a 2006, para R$ 963,3 milhões. Sorriso, no Mato Grosso, vem em seguida, com 809,4 mil hectares, 2,504 milhões de toneladas no total e R$ 896,3 milhões, 53,2% mais que no ano anterior.

No rol dos "dez mais", só Campo Verde, na quinta posição, registrou aumento do valor da produção inferior a 40%. Sapezal ficou em terceiro, seguido por Campo Novo do Parecis. Depois de Campo Verde aparecem Nova Mutum, Primavera do Leste, Lucas do Rio Verde e Diamantino, todos mato-grossenses. Mais uma cidade baiana, Barreiras, completa a relação do IBGE.

A principal má notícia trazida pelo IBGE foi para São Paulo. Em grande parte por causa da expansão da cana-de-açúcar - que não faz parte desta pesquisa realizada pelo instituto -, o Estado do Sudeste registrou variação negativa da produção de grãos e caiu da 4º para a 6º lugar no ranking dos Estados agrícolas. O Rio Grande do Sul assumiu a 4ª posição, atrás de Minas Gerais.