Título: Empresas prevêem mais inflação e menos emprego
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Fonte: Valor Econômico, 22/07/2008, Internacional, p. A10
Um número maior de empresas americanas pretende aumentar seus preços e restringir as contratações num momento em que a disparada dos preços das matérias-primas prejudica os lucros, segundo detectou pesquisa feita por uma empresa privada. Isso ocorre num momento em que o índice de tendência futura da economia americana, elaborado por outra empresa, caiu pelo segundo mês consecutivo, mantendo altos os riscos de mais enfraquecimento no curto prazo.
Um número quase quatro vezes maior de empresas pretendem passar a cobrar mais de seus clientes no próximo trimestre do que reduzir os preços, segundo a National Association for Business Economics (Nabe). Já o índice de indicadores antecedentes, elaborado pelo Conference Board, recuou 0,1%, após a queda corrigida de 0,2% de maio passado, mostrou o relatório do grupo de pesquisa de Nova York.
Pela pesquisa feita pela Nabe, 9% dos empregadores disseram que aumentarão suas folhas de pagamento nos próximos seis meses, o menor percentual dos últimos cinco anos.
O relatório reforça o receio de que o aumento das despesas contribuirá para uma intensificação adicional na inflação e um enfraquecimento do mercado de trabalho. No total, 71% das empresas disseram que os custos subiram no trimestre passado, soma superior aos 65% contabilizados nos três meses anteriores e o maior percentual desde que os registros tiveram início, em 1994, mostrou a pesquisa.
"A alta dos custos das matérias-primas e de outros insumos não-relacionados aos custos trabalhistas é uma grande preocupação e um grande estorvo à lucratividade", disse Ken Simonson, economista-chefe e membro do conselho administrativo da Associated General Contractors of America, grupo que representa a indústria da construção americana.
O número de participantes do levantamento que disseram que as margens de lucro recuaram no trimestre passado superou em 13% o dos que registraram ganhos, o maior diferencial desde a recessão de 2001.
A disparada das despesas das matérias-primas obrigou as empresas a repassarem a alta dos custos aos consumidores no trimestre passado, mostrou a pesquisa. No total, 28% dos entrevistados - o mais elevado desde o primeiro trimestre de 2007 - disseram que elevaram os preços em relação ao trimestre de compreendido de janeiro a março.
A pesquisa mostrou que um número menor de empresas estavam pessimistas sobre suas perspectivas para 2008, comparativamente ao primeiro trimestre deste ano.
Pela outra pesquisa divulgada pelo Conference Board sobre os indicadores antecedentes, no índice que projeta a direção da economia para o próximo período de três a seis meses, a oscilação anualizada de seis meses recuou ao ritmo de 1,7%. Declínios no índice de aproximadamente 4% a 4,5% anualizados durante seis meses são sinal de que a recessão é iminente, diz o Conference Board. O indicador atendeu essa exigência em janeiro passado, quando caiu ao ritmo de 4,7%.
"Nós também poderemos observar um enfraquecimento nos próximos trimestres", disse Zach Pandl, economista do Lehman Brothers de Nova York. "Nós estamos em um período muito estranho, no qual estamos oscilando entre períodos de crescimento positivos e negativos."