Título: Não há necessidade de expor ainda mais o presidente, diz Aécio sobre Lula em BH
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Fonte: Valor Econômico, 24/07/2008, Política, p. A9
O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), comentou ontem as declarações de Lula de que restringiria sua participação no primeiro turno das eleições a São Paulo e São Bernardo do Campo, onde disputam, respectivamente, dois de seus ex-ministros, Marta Suplicy e Luiz Marinho. "No que depender de mim, eu quero é preservá-lo, não há menor necessidade de expor mais ainda o presidente. Ele fará o que achar mais adequado. Nós conduziremos aqui em Minas a nossa campanha, o seu apoio foi muito bem-vindo e já é algo claro. Agora, daqui para diante é o candidato que tem que fazer campanha", disse o governador, que chegou ontem de viagem de férias com sua filha.
Aécio diz que participaria, na semana que vem, de algum ato da campanha de seu candidato à Prefeitura de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), mas disse que ainda não está definida sua participação na propaganda eleitoral gratuita do candidato, uma vez que seu partido, o PSDB, não participa da coligação. "Essa é uma questão que a legislação eleitoral é que vai definir, mas, obviamente, todas as manifestações públicas serão manifestações repercutidas nos programas eleitorais como sempre aconteceu", disse.
Em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, depois de almoço oferecido ao primeiro-ministro de Trinidad e Tobago, Patrick Manning, que vai "evitar ao máximo" participar das eleições municipais desse ano. "Vou tentar fazer minhas viagens, trabalhar dentro do Brasil e fora. Vou deixar as eleições mais para os partidos e para os candidatos", declarou Lula, no Itamaraty.
O presidente sempre disse que é preciso ter cautela nas eleições municipais. "Eu tenho muitos aliados participando dessas eleições", justificou. Há dois meses, o presidente reuniu seus ministros políticos para definir as regras de participação dos mesmos nos palanques. A polêmica se arrastou até terça, quando ele definiu que os integrantes da Esplanada - exceção feita ao chefe da Casa Civil, Dilma Roussef e do ministro da Articulação Política, José Múcio Monteiro - estão autorizados a viajar o país fazendo campanhas para seus candidatos.
O presidente, contudo, avisou que só participaria no segundo turno, em palanques caracterizados pelo antagonismo entre governo federal e oposição. Brincou que a sua participação pode trazer mais problemas do que benefícios: "Os que ganham acham que os méritos foram deles. E os que perdem depositam nas minhas costas as derrotas porque eu não fui, ou porque fui apoiar o outro".
Lula tem uma relação bastante próxima com as duas exceções abertas por ele, Marta Suplicy e Luiz Marinho. Marta chegou à Esplanada com o compromisso inicial de permanecer até o final do mandato do presidente. Ela sonhava em concorrer ao governo estadual em 2010 ou, até mesmo, disputar internamente no partido o direito de ser a sucessora de Lula. Acabou, pressionada pelas necessidades do PT de São Paulo, forçada a concorrer à Prefeitura. Já em relação a Marinho, Lula brincou que tentou convencê-lo a não se candidatar e permanecer como ministro. "Esse negócio de ser candidato tem um bichinho, tem uma comichão que fica coçando nas pessoas e as pessoas querem ser", disse o presidente, durante cerimônia de posse do sucessor de Marinho no ministério da Previdência, José Pimentel, em junho. (Paulo de Tarso Lyra, com agências noticiosas)