Título: Nokia lança ofensiva para deter iPhone
Autor: Magalhães , Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2008, Empresas, p. B3
Almir Narcizo, presidente da Nokia no Brasil: "Hoje ninguém mais imagina ter um telefone celular só para falar" A Nokia, líder mundial em vendas de telefones celulares, assume que vai desafiar o sucesso do iPhone, da Apple, com uma série de aparelhos que começam a ser lançados hoje. O presidente da Nokia no Brasil, Almir Narciso diz que a estratégia da companhia é "massificar" a oferta dos chamados celulares inteligentes que facilitam o acesso à internet, e-mails e trazem funções de computador e recursos multimídia.
O primeiro Nokia nesta linha foi lançado em junho e hoje, em Buenos Aires, estão sendo apresentados dois novos modelos que chegam ao mercado sul-americano até outubro. Ambos estão na faixa "premium".
A companhia quer usar o diferencial da ampla penetração de mercado para combater o avanço da Apple, que atua há pouco tempo no segmento. Dos 3 bilhões de celulares em uso no planeta, 1 bilhão é da Nokia, que vende diariamente 1 milhão de telefones nos 150 países onde atua.
"Vamos usar a nossa presença em todo mundo e massificar o 'smart phone' com funções multimídia que é um diferencial da Nokia. Havia quem achasse que câmera fotográfica era uma coisa, telefone outra. E hoje ninguém mais imagina ter um celular só para falar", diz.
Outra aposta da Nokia é o GPS. Segundo Narcizo até o fim do ano serão mil cidades brasileiras mapeadas com navegação assistida por voz. "E a voz é de português do Brasil e não de Portugal como em alguns serviços", diz.
Segundo o executivo, os novos telefones inteligentes serão adaptados para "85 idiomas com preços acessíveis, atingindo todos os mercados", diz o presidente da Nokia.
A estratégia da Apple é ousada mas localizada. A companhia planeja vender 10 milhões de iPhones 3G este ano em 21 países para capturar aproximadamente 1% do mercado mundial de celulares.
A vantagem da Apple é que seu criador, Steve Jobs, conseguiu fazer do iPhone sonho de consumo. A companhia lançou aparelho em 11 de julho e vendeu em três dias cerca de 1 milhão de unidades. O fenômeno se deu nas 2 mil lojas da AT&T nos Estados Unidos, além de pontos de comercialização da Apple no Japão, Reino Unido e na Alemanha.
No Brasil, muita gente já tem seu iPhone, independentemente do modelo, importado ou comprado no exterior apesar das operadoras aqui ainda não terem autorização para vender. A Claro, que firmou contrato com a Apple, sequer fez marketing mais pesado do produto pois só poderá anunciar a venda quando o terminal for homologado pela Anatel. Mas, mesmo assim, mais de 100 mil pessoas já se cadastraram no site da empresa pedindo informações, segundo o diretor de marketing da companhia, Eric Fernandes. Ele atribui o " afã pelo produto" a três fatores: à marca Apple que "é muito forte", inovação com design atraente e facilidade de uso.
Os dois novos modelos da Nokia (E71 e E66) de terceira geração que estão sendo lançados hoje, seguem a estratégia do iPhone. São fininhos, leves, com teclado completo e fácil de digitar. Mas não têm um dos atrativos do produto da Apple que é o toque direto na tela. Segundo Narcizo será apenas por enquanto, pois até o fim do ano vão chegar os modelos Nokia com essa característica.
"Tenho que reconhecer que a Apple foi feliz trazendo a tecnologia 'touch screen'. Mas não é todo mundo que gosta. Fizemos pesquisas, muitos acham que à medida que vão digitando um número direto na tela, acabam não tendo certeza se o que colocaram foi entendido e preferem a interação mecânica", diz Narciso. Ele admite que o toque na tela é uma tecnologia sofisticada. Exige características como reconhecer o diferencial dos dedos frente ao fato do usuário encostar o telefone ao ouvido e não acionar comandos com apenas essa aproximação.
Nos novos modelos da Nokia, uma facilidade que Narcizo enfatiza é a possibilidade de separar o acesso de e-mails pessoal e profissional. Na função multimídia faz um destaque: além da câmara fotográfica, está a filmadora que por meio de cabo permite reproduziras as imagens captadas direto na TV.