Título: Vale encontra parceiro para extração de valor
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2008, Empresas, p. B7
O projeto, concebido em 2005 e que já conta com licenças ambientais dadas pela Secretaria de Meio Ambiente do Pará, previa parcerias para dar sustentabilidade econômica ao negócio florestal. A mineradora divide o negócio com 15 fazendeiros que lhe cederam suas terras degradadas para recuperação e reordenamento territorial na região do Pará, na fronteira com Maranhão, em local conhecido como Arco do Desmatamento.
A estratégia da Vale, com o novo negócio, no qual vai investir US$ 300 milhões, é de criar uma atividade nova na região Norte, capaz de dar emprego e renda para a população local. "A parceria com a Suzano coroa os planos da Vale de dar sustentabilidade econômica ao projeto, pois vai permitir implantar uma cadeia produtiva de celulose na região", disse Guilherme Escalhão, diretor de relações institucionais e sustentabilidade da Vale para América do Sul e Central. Ele prevê a criação de 4 mil empregos no projeto Vale Florestar até 2025. Até agora já foram criados 1,2 mil, todos com carteira assinada.
A partir de 2013, a Vale já estará colhendo e fornecendo 15 mil hectares de eucalipto para a Suzano operar sua nova unidade. O fornecimento será garantido por contratos de longo prazo, de 30 anos, e renováveis por igual período.
O diretor da Vale informou que dos 300 mil hectares de florestas devastadas a serem replantadas pela mineradora no projeto Vale Florestar, 120 mil hectares serão ocupadas por eucalipto, destinado à comercialização. Os restantes 180 mil serão de floresta nativa.
Antes da nova unidade da Suzano começar a operar, ela já terá garantidos 35 mil hectares de eucalipto oriundos dos ativos da antiga área florestal da Vale denominada Celmar, no Maranhão. No memorando de entendimentos está prevista a aquisição de ativos florestais de eucalipto da Vale pela Suzano, no sudoeste do Maranhão.
Escalhão destacou que a Vale não terá nenhuma participação na unidade a ser construída pela Suzano na sua nova fronteira de produção. "A Vale não pretende voltar a investir em celulose, apenas fornecer matéria-prima e logística para a Suzano", afirmou o executivo da Vale.
Antes de sua privatização, a Vale investia no setor de celulose. Logo após ser privatizada a companhia se desfez dos seus ativos no setor. A mineradora tinha uma participação na Bahia Sul, que vendeu em fevereiro de 2001 por US$ 318 milhões à Suzano, também vendeu sua participação na Cenibra para os japoneses ao preço de US$ 671 milhões e se desfez das Florestas Rio Doce, de eucalipto, por US$ 59 milhões.
O negócio entre a Vale e a Suzano deverá ser fechado entre um a dois meses, depois do memorando de entendimentos assinado pelas duras companhias na terça-feira.