Título: BC surpreende e juro sobe a 13%
Autor: Ribeiro , Alex
Fonte: Valor Econômico, 24/07/2008, Finanças, p. C1
O Banco Central promoveu ontem um aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros, de 12,25% para 13% ao ano, superando as projeções da maior parte dos analistas do mercado, que esperava apenas 0,5 ponto percentual. Esse foi o movimento mais forte na taxa Selic desde fevereiro de 2003 e visa retomar o controle das expectativas inflacionárias.
O breve comunicado divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do BC logo após a reunião diz que o endurecimento da política monetária deverá levar a um processo mais rápido de redução da inflação. "Avaliando o cenário macroeconômico e com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória das metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13% ao ano, sem viés", afirma a nota do Copom.
Ontem, o BC não esclareceu o que significa exatamente sua intenção de promover "tempestivamente" a convergência da inflação para a trajetória das metas. Tempestivo significa no tempo certo. A mensagem deverá ficar mais clara na próxima semana, quando será divulgada a ata da reunião do BC de ontem. Mas, pelos pronunciamentos feitos nas duas últimas semanas pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, as indicações são de que a autoridade monetária busca o cumprimento do centro da meta em 2009, de 4,5%. "Os formadores de opinião e os formadores de preços não devem ter dúvidas quanto à disposição da autoridade monetária de tomar decisões visando promover a convergência da inflação ao centro da meta em 2009", disse Meirelles há duas semanas em evento em São Paulo.
Na semana passada, em depoimento de Meirelles no Senado, a intenção de buscar o centro da meta em 2009 foi renovada - e o presidente do BC disse que a instituição saberia responder com vigor a mudanças no cenário de inflação.
O principal desafio do BC no atual ciclo de contenção monetária é domar as expectativas de inflação do mercado, que sofreu severa deterioração nas últimas semanas. Nos seus documentos oficiais, a autoridade monetária tem insistido que o ritmo de altas de 0,5 ponto percentual na taxa básica seria suficiente para desaquecer a economia e baixar a inflação para as metas. O principal problema era o mercado financeiro, que não acreditava que o atual ritmo de aperto monetária iria levar a uma desinflação rápida.