Título: Agronegócio do Brasil insiste em negociar teto de subsídio por produto
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 23/07/2008, Brasil, p. A3

O limite de subsídio por produto, que o Brasil considera como um dos maiores ganhos na negociação agrícola, ficou fora da oferta feita ontem por Washington, provocando decepção no agronegócio brasileiro. "'O teto de subsídio por produto é mais importante para nós do que esses US$ 15 bilhões de subsídios globais e sem ele não tem jogo", reagiu André Nassar, diretor-geral do Icone, o instituto de estudos do agronegócio, dizendo que o governo estava avisado da posição do setor. "Já sofremos na pele com subsídio americano quase todo concentrado em apenas um produto, como algodão, que restringiu muito nosso acesso ao mercado internacional. "

Susan Schwab, a representante comercial americana, confirmou que a oferta não contemplava o teto especifico, mas, ao acabar a entrevista coletiva, insistiu que a oferta era muito boa para o agronegócio brasileiro. Os EUA podem gastar atualmente até US$ 19,1 bilhões em ajuda a um só produto agrícola. Agora, aceitam baixar esse montante para US$ 7,6 bilhões. Mas, sem teto especifico por produto, a possibilidade de concentração continua.

Negociadores brasileiros reiteraram, em todo caso, que o teto especifico está bem encaminhado e mais firme do que outros pontos. Mateus Zanella, da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), disse que a maior diferença é que os americanos querem um período-base onde os gastos foram mais altos. Já o Brasil defende anos que mostram altas e baixas da ajuda, para refletir uma média. Pela proposta do mediador agrícola, os EUA deveriam limitar os subsídios ao algodão, por exemplo, de quase US$ 4 bilhões, pagos em 2005/06, para menos de US$ 550 milhões.

Para a agricultura brasileira, é especialmente importante que sejam freadas a ajuda americana ao algodão, soja, arroz e milho, por causa do impacto da produção americana na cotação internacional e de sua fatia no mercado.

O secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Célio Porto, também considerou que a oferta foi um bom começo, mas precisa ser completada, inclusive com o teto especifico. (AM)