Título: País entra em rota de colisão com indianos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2008, Brasil, p. A3
Brasil e Índia estão em rota de colisão diante da persistência indiana de ter ampla margem no acordo para para frear importações agrícolas. Ontem, até a China atenuou sua posição para tentar um compromisso. Já os indianos querem alterar o texto de base da negociação e piorar o acesso de exportadores aos mercados em desenvolvimento. O Brasil endureceu o tom, ainda mais que 50% de suas exportações agrícolas vão para países em desenvolvimento.
O diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Marcio Cozandey, deu um ''briefing'' para a imprensa brasileira, estimando que a situação está difícil , mas que os países dizem ter "sinais de flexibilidade", sem detalhar nada, aparentemente para não causar danos nesses ditos sinais.
O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, perguntou aos negociadores se havia alguma unidade sobre mecanismo especial de salvaguarda para países em desenvolvimento, exigido pela Índia, China e outros. Ninguém falou. Mas o endurecimento brasileiro contra muita flexibilidade para essa salvaguarda foi saudado pelo Uruguai, sócio do Mercosul que há dois anos batalha contra o mecanismo junto com o Paraguai, alegando que se trata de um risco para as exportações agrícolas do bloco. "'O Brasil tem papel muito responsável na negociação, que respeitamos e apreciamos", declarou o embaixador do Uruguai, Guillermo Valles.
O Brasil sustenta que não é a salvaguarda que está no centro das divergências. Quando o ministro australiano disse isso, numa reunião ontem, o embaixador brasileiro Clodoaldo Hugueney reagiu: ''Sua avaliação está errada''. (AM)