Título: Temporão tenta trazer da Índia investimentos para a saúde
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 25/07/2008, Brasil, p. A4

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, embarca hoje para a Índia acompanhado de diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e empresários para tentar atrair fábricas para o Brasil e firmar acordos bilaterais de parceria tecnológica.

Um dos países mais evoluídos do mundo no setor de fármacos, a Índia é também a principal exportadora de remédios genéricos para o Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que 50% dos genéricos comprados pelo país vêm da Índia, atendendo 9,8% do mercado interno brasileiro.

O Brasil também compra da Índia o Efavirenz, utilizado no tratamento da aids, depois de obter a licença compulsória (quebra de patente). Essa viagem de negócios foi decidida no ano passado, durante visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia. Temporão reconhece que o mercado indiano é ainda muito fechado, mas vê boas possibilidade de parceria nesse novo contato. "Queremos não apenas aumentar a nossa balança comercial, mas que os empresários indianos tragam suas fábricas para produzir os remédios aqui no Brasil", disse Temporão.

O ministro pretende também estabelecer parcerias na pesquisa e desenvolvimento de novos medicamentos. Ele enxerga uma boa oportunidade na pesquisa de medicamentos para dengue e malária, por exemplo. "O intercâmbio também poderá ser importante para nós, que possuímos expertise em algumas áreas, mas ainda não temos condições de produzir os medicamentos em alta escala."

Existe outra preocupação do ministério: a qualidade dos remédios produzidos pela Índia. Por isso, na comitiva estão representantes da Anvisa. Relatório recente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou que, de 91 lotes de produtos recebidos da Índia, 59 foram reprovados, volume correspondente a 70% do que foi adquirido.

A participação do BNDES na comitiva é estratégica. Temporão lembrou que o banco conta com R$ 3 bilhões na linha de crédito do Profarma. Entre os empresários, seguem representantes da Associação da Indústria Brasileira de Pesquisa (Interfarma), Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma), Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Associação Brasileira da Indústria Química Fina, Biotecnologia e suas especialidades (Abifina) e Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-genéricos).