Título: Sobram hotéis de cinco estrelas em Pequim
Autor: Chao , Loretta ; Leow , Jason
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2008, Empresas, p. B5
O hotel Crowne Plaza Sun Palace vai ter muita concorrência em Pequim Previsões de que meio milhão de visitantes do exterior cheguem à capital chinesa para as Olimpíadas provocou uma onda de construção de hotéis na cidade. Agora, a menos de um mês dos Jogos, parece que esse surto de obras pode ter produzido um excesso de quartos num dos mercados hoteleiros mais valorizados do mundo.
Quando os Jogos começarem, Pequim terá mais de 50 hotéis cinco estrelas em funcionamento, ante menos de 20 apenas cinco anos atrás. Mais de 30 hotéis ainda estão em construção, dos quais pelo menos 13 são de cinco estrelas. Uma nova unidade da Mandarin Oriental ficará localizada aos pés da nova torre da Televisão Central da China. O Opposite House terá uma diária publicada de pelo menos US$ 732 por seus 99 quartos, que têm banheiras de carvalho.
O Grupo InterContinental Hotels (GIH) e a Marriott International, que opera dois hotéis Ritz-Carlton em Pequim, estão entre as redes internacionais que fizeram as apostas mais altas na cidade. O GIH tem 13 hotéis, incluídos dois prestes a serem inaugurados. A Marriott tem outros 10, cinco dos quais abertos nos últimos sete meses. Para comparar, em Nova York, mercado mais maduro, o GIH tem oito e a Marriot, 12.
"Houve realmente crescimento demais nos últimos dois ou três anos", diz Shaun Rein, fundador da firma de pesquisa de mercado China Market Research Group, de Xangai. Ele estima que a indústria hoteleira de Pequim cresce 20% a 25% por ano em receita e 12% a 15% em número de hóspedes. Mas o número de hotéis de luxo que abrem as portas na cidade cresceu a uma taxa composta de 40% por ano, segundo o escritório de turismo de Pequim.
A preocupação com o excesso aumentou nas últimas semanas. Muitos dos hotéis mais novos têm vários quartos desocupados, efeito das restrições na concessão de vistos e da conseqüente queda no turismo como parte das medidas de segurança pública associadas às Olimpíadas. A expectativa é de que, mesmo durante os Jogos, a taxa de ocupação não seja tão alta quanto a originalmente prevista, embora o escritório de turismo diga que hotéis considerados olímpicos ainda devem ficar lotados.
De fato, os Jogos Olímpicos parecem estar tendo pouco efeito no turismo de Pequim. A atual estimativa do escritório de turismo, de 400 mil a 450 mil visitantes estrangeiros para os Jogos em agosto, está bem perto do número de turistas que a cidade recebeu em agosto de 2007 (420 mil), quando não havia o atrativo olímpico.
As redes de hotéis afirmam que quartos vazios não as preocupam. "Embora estejamos de olho na exposição de curto prazo em torno dos Jogos Olímpicos, sempre planejamos para o longo prazo, e é por isso que estamos expandindo tão rapidamente na China", diz um porta-voz da Marriott.
Uma porta-voz do GIH diz que a empresa também está expandindo com o futuro em mente. "No longo prazo, acreditamos que a indústria de hotéis da China continuará a ter um bom desempenho", afirma.
Ao mesmo tempo, os donos de novos hotéis têm outras preocupações, além do número de hóspedes que deve comparecer. A China tem uma base relativamente pequena de trabalhadores de serviço experientes, e os novos hotéis estão numa forte briga por pessoal.
Hotéis estabelecidos já se queixam de como tem sido comum a tentativa de tirar empregados uns dos outros. "Em outros lugares, quando os funcionários de uma empresas são convidados a ir para a concorrente, quem faz isso normalmente são um ou dois chefes de departamento ou o gerente geral", diz Pauline Teo, diretora de recursos humanos da rede Accor na China, que terá nove hotéis sob sua administração em Pequim até as Olimpíadas, entre os quais o cinco estrelas Sofitel Wanda e vários outros hotéis de preço mais acessível. "Aqui na China você vê times inteiros chegando e tirando toda a sua equipe. É como um ataque da SWAT."