Título: Risco de disparada da inflação
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Fonte: Correio Braziliense, 27/02/2011, Economia, p. 19

Lima, Peru ¿ Os principais bancos centrais da América do Sul estão conscientes de que a tarefa para controlar as recentes pressões inflacionárias tornou-se mais complexa, diante da escalada dos preços do petróleo e dos constantes reajustes dos alimentos. As instituições indicaram que os riscos de uma desaceleração mundial aumentaram por causa da tensão no Oriente Médio e norte da África.

¿O trabalho dos bancos centrais se tornou mais complexo por uma série de fatores conjunturais. Em primeiro lugar, a alta dos preços dos alimentos e do petróleo gera pressões inflacionárias¿, afirmaram em comunicado assinado pelas autoridades monetárias do Mercosul, da Venezuela, do Chile e do Peru. ¿Adicionalmente, devido ao forte crescimento econômico, à importante expansão de crédito, o risco de que esse choque externo afete as expectativas de inflação aumenta¿, acrescentaram.

Desequilíbrios Os altos preços globais das commodities (mercadorias com cotação internacional), somados à expressiva demanda, levaram os bancos centrais de Peru, Chile e Brasil a apertar a política monetária neste ano e a elevar suas taxas básicas de juro. O BC brasileiro, inclusive, promoverá nova alta da taxa básica (Selic) na próxima quarta-feira, entre 0,5 e 0,75 ponto percentual, devido à piora das expectativas do mercado em relação à inflação, que pode estourar, neste ano, o teto da meta definida pelo governo, de 6,5%.

Os bancos centrais admitiram ainda que as recentes elevações das taxas de juro na América do Sul incentivam a entrada de capitais, provocando distorções nas moedas locais. ¿Os indicadores macroeconômicos atuais não mostram desequilíbrios importantes em nível agregado. No entanto, não significa que, no futuro, os fluxos de capitais não possam gerar riscos, o que obriga as autoridades a continuarem monitorando seus impactos na economia, especialmente as exportações, que perdem competitividade¿, frisaram as instituições.