Título: Exportadores de café brigam pelo número 2
Autor: Scaramuzzo , Mônica
Fonte: Valor Econômico, 23/07/2008, Agronegócios, p. B12

A disputa pela liderança nas exportações brasileiras de café verde começou a ficar mais acirrada nos últimos anos, com a entrada de novas empresas, entre elas as torrefadoras, e pela estratégia mais agressiva das tradicionais companhias do setor. Mas a briga não é para assumir o primeiro lugar no ranking, uma vez que a Unicafé reina absoluta há 18 anos nessa posição. O alvo das maiores exportadoras instaladas no país é alcançar a vice-liderança.

E essa posição foi conquistada pela Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), de Minas Gerais. Há duas safras, a 2006/07 e a 2007/08, encerrada em junho passado, a Cooxupé mantém-se como a segunda maior exportadora do país, conforme o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé). Em 2005/06, ocupava a quarta colocação. "Tem sido um trabalho de formiguinha", afirma Joaquim Libânio Ferreira Leite, diretor de exportação da maior cooperativa do país.

"Desde que ultrapassamos a marca de 1 milhão de sacas exportadas [em 1999], temos avançado ano a ano", afirma Libânio. A Cooxupé conta atualmente com cerca de 12 mil cafeicultores associados e movimenta 5 milhões de sacas por safra.

O Brasil deve exportar na safra 2008/09, iniciada em julho, cerca de 28,5 milhões de sacas, segundo o Cecafé. Se confirmadas as estimativas, será um aumento de 2% sobre o ciclo 2007/08.

Para aumentar suas exportações, a Cooxupé tem trabalhado para divulgar o café da cooperativa no exterior. "Pelo menos uma vez por mês viajo para fazer novos contatos", diz Libânio. O avanço dos embarques da Cooxupé é expressivo. Em 1999, os volumes foram de 1,05 milhão de sacas. Na safra 2007/08, a Cooxupé exportou quase 1,5 milhão de sacas.

Para fontes de mercado, o bom desempenho das exportações da cooperativa nos últimos meses também pode ser atribuído ao Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor), programa federal que garante um preço mínimo ao produtor quando as cotações do grão estão abaixo do custo. É que as cooperativas do país, que representam os produtores, também podem participar do programa.

Libânio contesta. Segundo o diretor de exportação da Cooxupé, a implantação do Pepro é recente. "O crescimento das exportações da Cooxupé é reflexo de muito trabalho nos últimos anos", garante.

A concorrência entre os exportadores também cresceu. Segundo Guilherme Braga, diretor-executivo do Cecafé, novas companhias chegaram ao mercado. Entre elas, destacam-se as principais torrefadoras do país, como a Sara Lee, Santa Clara e Melitta. Essas empresas já exportam cada uma cerca de 400 mil sacas de café por safra.

Para essas torrefadoras, as exportações de café verde são vantajosas porque, ao exportar, as companhias obtêm créditos que são utilizados para amenizar a carga tributária sobre as vendas no mercado interno.

Outra novata na exportação é a a Outspan Brasil, trading de café controlada pela Olam International, no país desde 2005, e que já começa a incomodar as grandes.

Na contramão desse movimento está a Marcellino Martins & E. Johnston, controlada pela EDF & Man. A empresa chegou a disputar a liderança com a Unicafé em 2005/06, mas paralisou as atividades há alguns meses, informou o Cecafé. Procurada, a empresa não retornou as ligações.