Título: Vendas de títulos públicos no semestre registram melhor resultado do sistema
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 21/07/2007, Eu & Investimetos, p. D3
O primeiro semestre do ano foi o melhor em termos de venda de títulos pelo Tesouro Direto - o sistema que possibilita a aquisição de papéis públicos por pessoas físicas pela internet. Segundo relatório divulgado pelo Tesouro Direto na semana passada, as vendas acumuladas nos seis primeiros meses de 2008 atingiram R$ 545,8 milhões, o melhor resultado para período desde a criação do sistema, em janeiro de 2002.
O volume financeiro vendido somente em junho foi de R$ 52,1 milhões, valor 6,4% superior ao observado no mesmo mês do ano passado. A maior parte das vendas ficou concentrada entre as aplicações até R$ 1 mil, que responderam por 29,93%. Em seguida, ficaram as aplicações com valor entre R$ 10 mil e R$ 50 mil, com 16,63% das vendas. Em terceiro ficaram as operações entre R$ 1 mil e R$ 2 mil, com fatia de 15,70%. As compras na faixa entre R$ 5 mil e R$ 10 mil ficaram em terceiro lugar, com 12,58% . Quando somadas as aplicações até R$ 5 mil, a participação nas vendas chega a 66,2% do volume.
O número de novos investidores cadastrados em junho somou 3.674 participantes, encerrando o mês com 122.391 aplicadores cadastrados no sistema. Somente no primeiro semestre do ano, 19.398 novos investidores ingressaram no Tesouro Direto para aplicar em papéis de renda fixa por conta própria, sem a tutela de um fundo de investimentos.
Entre os títulos mais vendidos, as Letras do Tesouro Nacional (LTN ) - títulos com rentabilidade definida no momento da compra - aparecem em primeiro lugar e foram responsáveis por 39,06%, com R$ 20,357 milhões. Em seguida ficaram as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) - papéis com retorno vinculado à variação do IPCA, acrescido de juros prefixados -, com 29,10% das vendas, de R$ 15,166 milhões. As Letras Financeiras do Tesouro (LFT, título com rentabilidade diária vinculada à taxa básica de juros) tiveram participação de 14,66%, para R$ 7,640 milhões. Já as Notas do Tesouro Nacional Série F (NTN-F) - papéis com retorno prefixado e com pagamento de juros semestrais - ficaram com 9,37%. As NTN-B Principal, que também são atreladas à variação do IPCA, com juros prefixados, mas sem pagamento de retorno semestral, responderam por 7,80%.
Na avaliação de André Schibuola, sócio da Precision Asset Management, gestora especializada em renda fixa, o melhor mesmo seria o investidor apostar em papéis pós-fixados. "Acredito que a pressão inflacionária ainda não acabou e, apesar de a inflação dar sinais de arrefecimento, a expectativa ainda é de alta", diz. Por conta disso, o Banco Central deve manter a política de aperto monetário, elevando a taxa básica de juros. Prefixar um taxa de juro, neste momento, não seria a melhor alternativa, avalia.
Para quem quer driblar a inflação, só resta mesmo o investimento em títulos atrelados ao IPCA. As Notas do Tesouro Nacional série C, que acompanham a variação do IGP-M, pararam de ser emitidas há algum tempo. Portanto, só é possível comprar esses títulos no mercado secundário, ou seja, de um outro investidor que queria vendê-los.
As recompras semanais somaram R$ 30 milhões em junho, com destaque para as LTNs e para as LFTs, que movimentaram juntas R$ 16,2 milhões, ou 54,1% do total. O Tesouro promove essas recompras para prover liquidez ao títulos públicos. O estoque total do sistema, que representa os títulos públicos em poder dos investidores, alcançou R$ 1,7 bilhão, valor 30,1% em relação a junho de 2007.
Os papéis com prazo entre um e cinco anos representam 43,29% no estoque de títulos do Tesouro Direto, com R$ 733,257 milhões. Já os títulos com vencimento em até um ano aparecem em seguida, com 28,39%, acompanhados de perto pelos ativos com prazo superior a cinco anos, que representam 28,33% do estoque. (LM)