Título: TSE e governo federal descartam uso imediato de força nacional no Rio
Autor: Basile , Juliano
Fonte: Valor Econômico, 31/07/2008, Política, p. A10

A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança ficarão à disposição para garantir a realização das eleições no Rio de Janeiro. Não serão, porém, convocadas em um primeiro momento. Esta foi a conclusão das conversas em reunião realizada, ontem, entre o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, o ministro da Justiça, Tarso Genro, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE), Roberto Wider, e o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa.

Eles concluíram que existem apenas ameaças quanto à segurança nas eleições no Rio, e não fatos concretos que exigiriam a presença imediata de forças de segurança.

Britto recebeu informações de que integrantes de milícias e quadrilhas de traficantes estariam dificultando o acesso de candidatos em algumas comunidades da capital fluminense. Os chefes de campanha estariam dependendo de autorização do narcotráfico para subir aos morros. Além disso, essas milícias estariam direcionando o voto dos eleitores nessas áreas e impedindo o trabalho de jornalistas na cobertura das campanhas dos principais candidatos.

O presidente do TSE avaliou que as ameaças são "uma bravata para impressionar as comunidades carentes". Ele ressaltou que a urna eletrônica é segura e "o conteúdo do voto é indevassável". "Haverá segurança para o voto livre e consciente. A urna eletrônica é muito segura e ninguém tem condições de saber quem votou em quem", afirmou Britto.

Tarso Genro enfatizou que a PF está à disposição para qualquer tipo de operação que seja determinada pelo TSE ou pelo TRE do Rio. Segundo o ministro da Justiça até "a Polícia Rodoviária Federal, se for necessária, poderá entrar na operação nos limites que a lei preserva para a sua atividade".

Roberto Wider disse que as forças especiais não são necessárias neste momento, mas advertiu que é preciso que órgãos de inteligência monitorem as atividades das milícias constantemente. "Não adianta colocar o Exército na rua. Não estamos vivendo um Estado de exceção. O que precisamos é de (serviços de) inteligência", ressaltou o presidente do TRE do Rio.

Em 11 de agosto, será feita nova reunião para avaliar o andamento da campanha na capital fluminense e a necessidade de reforços de segurança. O próximo encontro entre as autoridades será no Rio.