Título: Navalha nas obras
Autor: Iunes, Ivan ; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2011, Política, p. 3

O corte anunciado pelo governo federal atingirá em cheio as propostas e os projetos que rendem votos aos políticos. Apesar de técnicos do governo tentarem convenser os parlamentares garantindo que haverá uma saída para minimizar os efeitos da navalha, alguns ministérios não têm como cumprir o teto de gastos sem reduzir drasticamente as propostas previstas nas emendas apresentadas. É o caso, por exemplo, do Ministério dos Transportes, que não vai conseguir administrar a redução das despesas apenas cortando custeio, como anunciou inicialmente.

O orçamento da pasta, previsto em R$ 18,3 bilhões, terá redução de R$ 2,39 bilhões. A queda é superior ao gasto total com despesas correntes, que somam R$ 1,3 milhão. Dessa forma, o discurso inicial de que os cortes atingiriam principalmente itens incluídos como custeio não vai permanecer e a redução desses gastos deve se limitar apenas às viagens dos servidores.

Para cumprir a meta de cortes, a pasta vai passar a navalha mesmo é nos investimentos em fase de projetos. Na prática, eles se limitam às obras de estradas e rodovias propostas por parlamentares por meio de emendas. Essas obras estavam previstas no bolo de R$ 17 bilhões reservados para o órgão investir este ano.

A redução de despesas com custeio também é o primeiro anúncio do Ministério do Desenvolvimento Agrário. A pasta ainda não detalhou quanto pode cortar com viagens, diárias e empregados tercerizados. No entanto, garante que a orientação do governo foi no sentindo de encontrar uma saída para manter os recursos previstos para os programas de combate à pobreza e de agricultura familiar.