Título: Sobrou até para as filas do INSS
Autor: Iunes, Ivan ; Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 02/03/2011, Política, p. 3

Uma das medidas imediatas do corte de R$ 50 bilhões no Orçamento anunciado pelo governo federal deve ser o adiamento nos planos da Previdência de reduzir as filas nos postos do INSS. Embora não esteja entre os mais atingidos pela tesoura da equipe econômica, o ministério perdeu R$ 355 milhões e admitiu que será difícil evitar atrasos na entrega dos postos de atendimento. A previsão inicial é de que 720 seriam concluídos em dois anos, mas pelo menos 200 unidades devem ter a construção adiada.

Enquanto a maior parte dos ministérios ainda tenta adequar o orçamento aos cortes e livrar áreas sensíveis da escassez orçamentária, a Previdência já tem o cálculo parcialmente pronto. A pasta avalia que pelo menos R$ 150 milhões serão retirados diretamente dos planos de expansão da rede. Como cada posto de atendimento do INSS custa R$ 1 milhão, o número mínimo de unidades afetadas seria 150. A expansão planejada pelo ministério era focada em cidades com mais de 20 mil habitantes.

Das 720 unidades previstas para entrega até o fim de 2013, 65 já foram inauguradas e 260 estão em construção. Outras 395 tiveram as licitações adiadas até a análise final dos cortes no orçamento do ministério. ¿Já é claro para nós que o corte atinge mais os planos de expansão das agências, mas a nossa expectativa é de que os prejuízos não atinjam a meta de inaugurarmos 720 unidades em dois anos¿, diz o ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho.

Integração Nacional Dos R$ 4,6 bilhões orçados para o Ministério da Integração Nacional sobraram R$ 2,8 bilhões depois dos cortes anunciados pelo governo. Diante de um valor tão expressivo de redução, a guilhotina cairá pesada sobre as emendas de deputados e senadores, que pretendiam consumir R$ 1,8 bilhão do orçamento da Integração para este ano. A maioria desses valores se refere a pequenas obras de açudes em municípios do interior do Nordeste, e ações de infraestrutura, como a construção de galpões para promoção de feiras e de exposições, obras de macrodrenagem de rios, construção de açudes, em especial no Nordeste, onde a presença do Ministério da Integração é mais forte.

Como o Fundo de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e o do Nordeste (FDNE) não foram cortados, estão mantidas as previsões de R$ 1,8 bilhão para a Transposição do Rio Francisco e R$ 1,4 bilhão para a Ferrovia Transnordestina. Essas obras Dilma não deseja ver atrasadas. Já no Ministério da Defesa, a determinação é de que os cortes de R$ 4,3 bilhões na pasta evitem atingir os acordos internacionais para reequipamento das Forças Armadas. A área técnica do ministério está analisando os projetos e o ministro Nélson Jobim pretende apresentar um detalhamento final até 20 de março.