Título: Governo anuncia R$ 1,7 bilhão para pesca
Autor: Lyra , Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 28/07/2008, Agronegócios, p. B11

Segundo Gregolin, produção de pescado no país poderá crescer 40% até 2011 Depois de cinco anos e meio da criação da pasta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anuncia amanhã, em Salvador, o Plano Nacional da Pesca. É a primeira grande ação para o setor, com investimentos de R$ 1,7 bilhão ao longo dos próximos quatro anos e mais linhas de crédito de R$ 1 bilhão/ano até 2011. Na mesma solenidade, Lula vai anunciar que a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca será transformada em Ministério. Uma reunião final para acertar os detalhes está prevista para hoje, em Brasília.

Para o ministro da Pesca, Altemir Gregolin, a transformação da Secretaria em Ministério servirá para sinalizar aos empresários do ramo que o governo pretende, de fato, ter para o setor em uma política de Estado. "Eu estimo que isso possa gerar, ao longo dos próximos quatro anos, investimentos do setor privado na ordem de R$ 3 bilhões", calcula o ministro. Quando assumiu em 2003 e resolveu criar a Secretaria, Lula foi bastante criticado mas defendia a necessidade de investir num setor abandonado. De lá para cá nada foi efetivamente realizado.

Gregolin aposta que, até 2011, a produção de pescado no país poderá crescer aproximadamente 40%, passando dos atuais 1,050 milhão de toneladas/ano para 1,4 milhão de toneladas/ano. Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) projetam para 2030 um aumento de consumo de pescado percapita, passando dos atuais 16,6 quilos pessoa/ano para 22,5 quilos pessoas/ano, o que significa a necessidade de um aumento de mais de 100 milhões de toneladas de pescado para suprir essa demanda. "No Brasil, o consumo ainda está na faixa dos 7 quilos per capita/ano, dos quais 12% são importados. Vejam o mercado que temos a explorar", diz o ministro.

O plano que será anunciado amanhã prevê investimentos orçamentários na ordem de R$ 1,7 bilhão até 2011, somados a outros R$ 1 bilhão anuais em créditos e linhas de financiamento, especialmente para os pescadores artesanais.

Do total de 1,050 milhão de toneladas de pescados produzidas atualmente no Brasil, estima-se que 60% venham das redes dos 613 mil pescadores de baixa renda que atuam nos rios e mares brasileiros. "É muito linda a imagem romântica dos pescadores, retratadas nos livros de Jorge Amado, do cara valente que morre no mar. A realidade deles é muito mais dura e cruel", confirma um assessor do futuro Ministério da Pesca.

Para atender a esse público, serão criados os terminais pesqueiros públicos, sendo os principais localizados no Rio e em Salvador - o anúncio de Lula acontecerá no terreno da capital baiana onde será construído o futuro terminal. A idéia é que o pescado, um produto altamente perecível, seja revendido nesses terminais assim que chegar à terra firme. Serão grandes mercados, com uma variedade enorme de espécies para comercialização.