Título: BID elege o Nordeste e estuda investir US$ 2 bi
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 29/07/2008, Finanças, p. C8

Luis Alberto Moreno, do BID: "quero ver novas realidades e oportunidades" De quinta-feira até ontem, Luis Alberto Moreno, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) percorreu uma maratona pelo Nordeste brasileiro. Em uma comitiva com outras quatro executivos da instituição, ele visitou cinco Estados: Piauí, Ceará, Alagoas, Bahia e Pernambuco. Entre um sobrevôo a praias e um passeio por sítios históricos, conversou com governadores, empresários e sociedade civil.

Tudo isso porque o banco quer aumentar os seus desembolsos para a região. "Como outros brasileiros, estamos vendo oportunidades no Nordeste. Em outras épocas, aqui havia um bolsão de pobreza. Agora é um pólo de desenvolvimento", afirmou o executivo em visita ao Recife.

"Essa não é uma viagem que típica de um presidente do BID, mas eu escolhi esses locais porque quero ver novas realidades e oportunidades", explicou.

Hoje, o BID tem US$ 600 milhões concedidos a 19 empreendimentos nos Estados nordestinos. Entretanto, esse volume deve aumentar. "Neste momento, estamos analisando outros US$ 2 bilhões em empreendimentos", disse Moreno. As áreas que mais interessam ao banco são as de energia renovável, infra-estrutura, turismo e microcrédito.

Um dos projetos em análise, por exemplo, é a integração turística entre Piauí, Maranhão e Ceará. Em outra ponta, o BID ajudará no desenvolvimento da competitividade industrial no complexo industrial e portuário de Suape, em Ipojuca (PE), onde plantas bilionárias estão se instalando e atraindo outras empresas de menor porte.

Embora a maior parte dos projetos que o BID deva financiar esteja ligado à infra-estrutura - saneamento básico e rodovias - Moreno disse que o banco também pretende apoiar iniciativas relacionadas à segurança pública. Até setembro deste ano, a Bahia será contemplada com US$ 407 milhões do BID para educação, saneamento e conservação de monumentos históricos.

Moreno disse ter ficado impressionado com as lideranças dos Estados da região. Segundo ele, os governadores têm uma clara visão da necessidade de boa gestão e equipe preparada para atingir resultados significativos.

Neste ano, o BID espera desembolsar cerca de US$ 3 bilhões para o Brasil. É um volume que pode ficar inferior aos US$ 4 bilhões inicialmente previstos pelo banco no início do ano. Porém, de acordo com Jose Luis Lupo, representante do BID no Brasil, a disposição da instituição continua a mesma. "É que alguns projetos estão atrasados e só devem sair no começo do próximo ano", explicou. No ano passado, foram emprestados ao Brasil US$ 2,2 bilhões.

O recuo também nada tem a ver com a atual crise americana. "O impacto na América Latina até hoje não foi muito grande. Todos os países têm pressão inflacionária, mas estão buscando o equilíbrio. Não vemos uma situação de dificuldade", disse o presidente do BID. Nenhum empréstimo no Brasil, por exemplo, está na lista dos "projetos-problema", aqueles com inadimplência.