Título: Caderneta capta mais que fundos DI no ano
Autor: Bellotto , Alessandra
Fonte: Valor Econômico, 29/07/2008, EU & Investimetos, p. D2

Gustavo Lourencao/Valor Villanova, do Bradesco: diferença de ganho em favor do fundo ainda é pequena Mesmo com a perda de atratividade da caderneta em relação aos fundos de investimento mais conservadores, que começam a render mais com a alta da taxa Selic, a poupança segue captando recursos. Só neste ano até o dia 22, a aplicação registrou ingresso de R$ 5,9 bilhões, acima dos R$ 4,4 bilhões dos fundos DI, aponta levantamento do Valor Data, com base nos dados da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) e do Banco Central (BC).

Nem mesmo o início do ciclo de elevação do juro, em abril, reverteu esse movimento. Naquele mês, a poupança chegou a perder R$ 1,8 bilhão, mas logo recuperou o fôlego. Em maio, a captação foi positiva em R$ 1,1 bilhão; em junho, em R$ 1,5 bilhão; e, neste mês, as aplicações já superam os resgates em mais R$ 1,5 bilhão. Já os DIs captaram R$ 1 bilhão em abril, mas depois perderam R$ 3,5 bilhões em maio e mais R$ 4,3 bilhões em junho. Neste mês, até o dia 22, a captação está positiva em R$ 1 bilhão.

Só o Bradesco atraiu R$ 1,35 bilhão em recursos de poupança neste ano até junho. O volume representa um crescimento de 4,03%, ante a média de 1,26% dos concorrentes, diz o superintendente executivo da área de investimentos do banco, Marcos Villanova. No final do mês passado, o Bradesco tinha R$ 34 bilhões aplicados em caderneta de poupança - o saldo total na aplicação era de R$ 247,3 bilhões.

"Por ser a aplicação mais tradicional e conservadora do mercado, a poupança tem um público fiel", destaca o gerente de investimentos do Banco Real, Felipe Vaz. Sem abrir os números do banco, o executivo diz que o movimento de captação de poupança no Real segue constante desde o final do ano passado. Para ele, não é o fato de os fundos DI serem mais beneficiados com o aumento do juro do que a poupança que vai provocar uma migração entre as aplicações. Além de o diferencial de retorno ser relativamente estreito, para o pequeno poupador não há mudança, acrescenta. Isso porque, para conseguir um rendimento acima da poupança, o fundo tem de cobrar no máximo uma taxa de administração de 2,5% ao ano.

No Banco Real, por exemplo, essa taxa o investidor só vai conseguir com uma aplicação mínima de R$ 10 mil. O imposto de renda também deve ser levado em conta na hora de decidir pela migração, alerta Vaz. No fundo, a alíquota de IR começa em 22,5% para aplicações de até seis meses, chegando a 15% para prazos acima de dois anos. Na poupança, não há cobrança de taxa de administração, nem de IR.

Mesmo para valores acima de R$ 10 mil, o executivo diz que a opção dos clientes tem sido pelos Certificados de Depósito Bancário (CDBs). O investidor que aplicou R$ 50 mil num CDB do Real obteve 95% do CDI nos últimos 12 meses, segundo Vaz, ante 88% do referencial de retorno registrado pelo fundo de renda fixa mais conservador do banco.

Apesar de o retorno de muitos fundos DI estarem mais interessantes em relação à tradicional caderneta de poupança, Villanova, do Bradesco, também não recomenda aos clientes a migração. "Para o poupador que já está habituado a aplicar todo mês um pouquinho na poupança, não compensa mudar agora porque a diferença de retorno em favor do fundo ainda é muito pequena", diz.