Título: China emerge e contesta o futuro do G-20
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 30/07/2008, Brasil, p. A3
Esta foi a primeira vez numa negociação global de comércio que os emergentes, como Brasil, China e India, tiveram peso maior na discussão, o que evidenciou contradições que dificultaram a Rodada, admitem analistas. O ministro Celso Amorim insiste que o Brasil não pode ser acusado de nada, porque procurou ajudar ao máximo um entendimento sobre as salvaguardas para importações agrícolas.
A negociação na OMC mostrou que é preciso superar a caricatura de briga entre mundo desenvolvido e em desenvolvimento. A salvaguarda, defendida por China, India, Indonésia, três dos mais populosos países do planeta, chocou-se sobretudo com a posição dos exportadores sul-americanos.
O G-20 jogou para baixo do tapete essa divergência, mas os brasileiros achavam que a Índia não quis realmente um entendimento no grupo sobre salvaguarda, o que lamentavam, porque teria ajudado a evitar o fiasco de ontem.
Enquanto a China emergiu com ativismo que surpreendeu, o Brasil procurou ontem combater avaliações de que o G-20 perderá importância no rastro do colapso da negociação. "A aliança vai sobreviver, temos de esperar baixar a poeira e conversar, mas sinceramente não poderia esperar que a rodada ia quebrar nisso (salvaguarda para importação agrícola) " , afirmou Amorim. "Esperava algo mais na área industrial, não aí".
A China veio desta vez com um ministro de comércio, Chen Deming, e esteve no centro de vários temas. Pequim trabalhou firme com a Índia, mas com cerca flexibilidade, o que atraiu mais países para o seu lado. (AM)