Título: Kaspersky, da Rússia, inicia operações diretas no Brasil
Autor: Rosa , João Luiz
Fonte: Valor Econômico, 01/08/2008, Empresas, p. B3

Eljo Aragão (à esquerda), presidente da Kaspersky no Brasil, e Alejandro Musgrove, vice-presidente de vendas na América Latina: cobertura geográfica Para a maioria das pessoas, sugerir um roteiro de viagem envolvendo as cidades de Moscou, São Paulo e Miami provavelmente não faria o menor sentido. Mas para alguns executivos da Kaspersky Labs, a companhia russa de software antivírus, esse roteiro tornou-se perfeitamente compreensível nos últimos meses.

Em um esforço para acelerar sua expansão internacional, a empresa sediada em Moscou decidiu instalar em São Paulo seu primeiro escritório na América Latina. A subsidiária brasileira será comandada por Eljo Aragão, um executivo com experiência no setor. Durante 12 anos, ele trabalhou na rival americana Symantec.

No novo cargo, assumido há um mês, Aragão vai responder a Alejandro Musgrove - argentino, apesar de o sobrenome parecer russo -, outro contratado recente da Kaspersky. "Entrei na companhia há quatro meses", afirma Musgrove, que desde então ocupa a posição de vice-presidente de vendas e marketing para a América Latina. "Moro em Miami com minha família, mas nos últimos quatro meses só passei duas semanas em casa". O novo lar, brinca o executivo, fica nos aviões da American Airlines, onde ele passa a maior parte do tempo viajando de um lado para outro.

Criada há onze anos, pelo casal Natalya e Eugene Kaspersky (que hoje está separado, mas continua a dividir o comando do negócio), a empresa obteve um crescimento de vendas de 240% na América Latina em 2007. O desafio, agora, será de manter esse ritmo acelerado, à medida em que a base de usuários ganha consistência. Além do Brasil, já foram contratados executivos para assumir as filiais do México e da Argentina. Em 60 dias, a previsão é inaugurar a subsidiária colombiana.

A previsão para este ano, diz Musgrove, é atingir vendas de US$ 10 milhões na região, chegando a algo entre US$ 18 milhões e US$ 20 milhões em 2009. Desse total, a expectativa é de que o Brasil responda por uma fatia média de 40% dos negócios, completa Aragão. No mundo, a Kaspersky projeta alcançar receita de US$ 350 milhões em 2008, com incremento de 75% em relação ao ano passado.

No Brasil, uma das principais tarefas da dupla - que já trabalhou junta na Symantec -, será o de ampliar o número de canais para expandir a cobertura geográfica. A Kaspersky tem um distribuidor no país, a Esy World, que além de vender os produtos oferece serviços de pré-venda, pós-venda e suporte técnico. "Estamos muito satisfeitos com esse trabalho, mas precisamos aumentar o número de revendedores", afirma Aragão. Sob a estrutura atual, as revendas ativas, que fazem pedidos regularmente, somam cerca de 400 empresas. Nos maiores distribuidores, essa rede chega a 10 mil revendas.

Independentemente dessa ampliação, o plano é manter o modelo comercial, baseado exclusivamente na venda por meio de canais externos.

Um dos alvos principais é o mercado empresarial, especialmente o de pequenas e médias empresas. Em termos globais, as companhias representam 55% da receita da Kaspersky. Os demais 45% vêm da área de consumo, a dos usuários que compram o software para proteger os PCs em casa. Na América Latina, diz Musgrove, a participação do mercado empresarial é ainda maior, por volta de 60%.

Para o usuário comum, que compra o produto no varejo, a Kaspersky quer reforçar os acordos com fabricantes de computadores, pelos quais as máquinas já saem de fábrica com o software embutido. A empresa já tem um contrato com a Positivo Informática e planeja fechar parcerias semelhantes com outros fornecedores. Além disso, em outubro chegam às gôndolas as versões 2009 de dois produtos voltados ao consumidor.