Título: Protógenes recorre ao STF para evitar depor à CPI
Autor: Jayme , Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 06/08/2008, Polícia, p. A9

O delegado de Polícia Federal, Protógenes Queiroz, fará hoje o último esforço para não depor na Comissão Parlamentar de Inquérito dos Grampos, na Câmara dos Deputados. Seus advogados irão ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir que seu cliente não seja obrigado a se apresentar ao colegiado. Ontem, o agente solicitou à CPI, sem sucesso, adiar seu comparecimento sob a justificativa de que não poderia faltar ao curso de aperfeiçoamento na Academia Nacional de Polícia.

A solicitação de Protógenes, que chefiou a Operação Satiagraha, da Polícia Federal, foi entregue pelo deputado e ex-delegado Alexandre Silveira (PPS-MG). No pedido, o agente federal alega que a ausência a um período de aula lhe traria "prejuízos irreparáveis", uma vez que isso poderia comprometer a conclusão do curso, que requer presença total e completa.

O presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), negou o pedido de Protógenes, ao alegar que as justificativas do delegado não estão naquelas listadas pelo Código de Processo Penal como passíveis de dispensa de um depoimento.

"Será muito oportuno o comparecimento do delegado amanhã para nos esclarecer se algum dos grupos investigados na Operação Satiagraha operou grampos ilegais", disse Itagiba. Depois de saber da decisão da CPI, o advogado do delegado anunciou que recorreria na manhã de hoje ao STF. O delegado pede que o depoimento seja adiado até 21 de agosto, quando termina o curso de aperfeiçoamento. Depois dessa data, ele estaria liberado para contribuir com a comissão.

A ação da Polícia Federal prendeu o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, o investidor Naji Nahas e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta sob acusação de envolvimento com diversos crimes contra o sistema financeiro. Os três já foram soltos por determinação do STF.

Embora se diga que os questionamentos se restringirão à suspeita de que os acusados estivessem praticando escutas telefônicas ilegais, os deputado farão perguntas bem mais complicadas de serem respondidas por Protógenes. A principal delas será o motivo de seu afastamento da chefia da operação dias depois das prisões. "Será inevitável fazer essa pergunta", diz o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).