Título: Eólica Tecnologia investe em geração no Canadá
Autor: Goulart , Josette
Fonte: Valor Econômico, 05/08/2008, Empresa, p. B6

A brasileira Eólica Tecnologia começou a investir em projeto de geração desse tipo de energia no Canadá, na região da província de Ontário. A empresa já destinou US$ 10 milhões em terras, criou a filial Eolica Canada Wind Corporation no mês passado e pretende aplicar até US$ 250 milhões em dez diferentes projetos de 10 MW naquele país. A companhia foi atraída pela legislação canadense que incentiva a produção de energia no interior e o governo ainda se compromete a comprar toda a energia gerada por US$ 130 o megawatt-hora (MWh).

O presidente da empresa, Everaldo Feitosa, diz que os investimentos que serão feitos no Canadá não devem reduzir os projetos que têm para o Brasil. Neste ano, estão sendo destinados R$ 110 milhões para construção de uma usina eólica em Pernambuco que deve ter uma capacidade de geração de até 25 MW. Além disso, Feitosa diz que tem em carteira 500 MW de projetos de geração prontos, com licença ambiental aprovada, para participar do primeiro leilão de energia eólica do país que será realizado em 2009. Outros projetos de 1000 MW estão em andamento.

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão ligado ao governo, tem até 60 dias para apresentar as condições do leilão do ano que vem. Uma das grandes expectativas é em relação ao preço. Os US$ 130, algo em torno de R$ 210, que paga o governo canadense é também considerado um bom preço para as empresas geradoras no Brasil.

De acordo com o vice-presidente de novos negócios da Energias do Brasil, Miguel Setas, este é um valor competitivo em relação ao que é investido para a geração de cada MW. São necessários, segundo ele, investimentos entre R$ 4 e R$ 5 milhões em capacidade instalada para cada MW. As usinas hidrelétricas precisam entre R$ 2,5 milhões e R$ 4 milhões e as térmicas entre R$ 2,5 milhões e R$ 2,8 milhões. Hoje o preço da energia eólica no mercado é de R$ 240 o MWh no âmbito do Proinfra. Esse foi um projeto do governo brasileiro que tentou incentivar pequenas empresas a gerar energia eólica no país. Mas foram apresentados cerca de 1,4 GW em projetos e menos de 400 MW foram entregues, segundo Setas. Por isso, existe agora uma boa expectativa em relação ao leilão de 2009.

A Energias do Brasil criou nesse ano a EDP Renováveis do Brasil e anunciou em junho a compra da Central Nacional de Energia Eólica S.A. (Cenaeel), por R$ 51,3 milhões. A Cenaeel possui dois parques eólicos em operação em Santa Catarina. O grupo EDP é hoje o quarto maior gerador de energia eólica no mundo. Setas diz que o interesse da empresa no Brasil é pelo potencial de geração de energia eólica que é um complemento natural da geração de energia hidráulica. "Quando há estiagem, há vento", diz Setas.

O presidente da Eólica Tecnologia concorda com esse potencial e essa complementaridade. Feitosa diz ainda que no Canadá essas condições também são muito parecidas. Além disso, o governo canadense garante a compra de energia e dá prioridade para os projetos instalados no interior do país que envolvam investimentos de até 20 milhões de euros. O primeiro passo da empresa foi cotar as áreas com jazidas de vento no país e em até dois anos pretende concluir todo o investimento programado de US$ 250 milhões. Entre 70% de 80% pode ser financiado com recursos de bancos de desenvolvimento canadenses.