Título: Ferrous adquire terreno para porto e pelotizadoras no ES
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 04/08/2008, Empresa, p. B7

A Ferrous Resources acaba de definir o seu projeto de logística portuária e de pelotização, que faz parte de seu ambicioso projeto de mineração de ferro no Brasil. O complexo, que exigirá investimento de quase US$ 3 bilhões, será erguido em uma área de 11 milhões de metros quadrados localizada em Presidente Kennedy, município de 10.307 habitantes situado no extremo sul do Espírito Santo, na divisa com o Rio de Janeiro.

O plano da empresa é instalar no local três usinas de pelotização, aptas a produzir juntas 21 milhões de toneladas anuais, e um terminal portuário para exportar 50 milhões de toneladas ao ano. Esse complexo estará interligado por um mineroduto de 400 quilômetros de extensão até Congonhas (MG), onde a empresa desenvolve atualmente seu ambicioso projeto de exploração de minério de ferro.

"Nosso objetivo é inaugurar o porto no final de 2013 e colocar em operação a primeira pelotizadora no ano seguinte", informou Robert Graham, membro do conselho de administração da Ferrous, empresa controlada por um grupo de fundos de investimento da Austrália, Estados Unidos e Inglaterra.

O terminal portuário e o parque de pelotização vão exigir investimentos de US$ 2,7 bilhões. Desse valor, US$ 1,7 bilhão serão destinados à implantação das três usinas de pelotas - cada uma delas desenhada para produzir 7 milhões de toneladas anuais. O orçamento contempla ainda a instalação de uma usina termoelétrica para suprir as unidades industriais, que são grandes consumidoras de energia. "Ainda não definimos a capacidade de geração", afirma.

Pelotas é um produto resultante da aglomeração de minério super fino de ferro (pellet-feed) e lançada em altos-fornos ou em fornos de redução direta para fabricação do aço. Tem valor em torno de US$ 160 a tonelada.

A parcela restante de US$ 1 bilhão vai ser aplicada na construção do terminal portuário, que contará com três berços: dois destinados à exportação, com capacidade de embarque de 50 milhões de toneladas ao ano, e um à importação da matéria-prima usada pelas pelotizadoras - como carvão e betonita.

O projeto, em fase de detalhamento, prevê uma ponte de quatro quilômetros até o pier de atracação dos navios. Embora ainda não tenham sido concluídos os estudos técnicos, Graham disse ser possível montar um terminal com calado de 20 metros, permitindo o atracamento de navios de grande porte. "Para isso será necessário fazer dragagem, pois a profundidade hoje é em torno de 15 metros".

Os recursos desse complexo industrial fazem parte do plano de investimento anunciado recentemente pela Ferrous, de US$ 5,6 bilhões até 2014. Dona de quatro minas na rica região do quadrilátero ferrífero, em Minas Gerais, a empresa intenciona produzir 50 milhões de toneladas por ano dentro de seis anos. As operações começaram neste ano, com previsão de embarque de 1,2 milhão de toneladas de finos. Esse volume deverá chegar a cinco milhões em 2009.

Segundo Graham, a Ferrous chegou a analisar diversas localizações no litoral capixaba e do Rio para instalar o porto e as pelotizadoras. "Não é fácil encontrar uma grande área aberta como esta de Presidente Kennedy", disse. A Ferrous contará com incentivos do governo capixaba, por meio do programa Invest-ES, que contempla, entre outros benefícios, diferimento do ICMS na aquisição de máquinas e equipamentos, crédito presumido e redução do cálculo da base do imposto estadual.