Título: Maia deixa promessas de lado e ataca casal Garotinho
Autor: César Felício, Cristiane Agostine e Jamil Nakad Jr
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2005, Brasil, p. A5

Cesar Maia (PFL), prefeito reeleito do Rio, adotou um tom político em seu discurso de posse, para o segundo mandato consecutivo e terceiro alternado. Ao contrário de 2000, quando priorizou questões administrativas ao baixar um pacote com 90 medidas, sendo 84 decretos, quatro mensagens e dois avisos de audiência pública, o alvo desta vez foi a governadora do Estado, Rosinha Matheus e seu marido, o ex-governador e atual secretário estadual de Governo, Anthony Garotinho, ambos do PMDB. Ao discursar para uma platéia de 500 convidados, na Câmara Municipal do Rio, o prefeito, mais de uma vez, deu sinais de que não poupará esforços para derrotar os pemedebistas na disputa estadual de 2006. Segundo ele, sua vitória, já no primeiro turno, "traz uma mensagem política: (...) um contundente rechaço das alternativas populistas irresponsáveis e levianas". "Rechaço, vale dizer, que hoje já contamina municípios importantes do entorno da capital e que, com certeza, se fará ouvir dentro de dois anos no âmbito estadual. Aguardem", disse o prefeito sem mencionar os nomes de Rosinha ou de Garotinho. Cesar Maia encerrou o discurso demonstrando confiança na derrota do sucessor do casal Garotinho, em 2006. Negou, no entanto, que se candidatará ao governo do Estado. Segundo ele, o PFL tem quadros bons para entrar na disputa. "Naquele momento (2006), estarei aplaudindo o novo governo estadual, que encerrará, tenho certeza, 20 anos de tragédia e de fracassos reiterados das políticas de segurança pública estaduais. E o Rio, sem esta chaga maldita, estará voando por todos os céus do progresso, da justiça e da fraternidade", disse Maia. Pela primeira vez desde que se lançou candidato a presidente da República, no fim do ano passado, Maia reconheceu, antes mesmo de tomar posse, que "o presidente Lula é o candidato favorito na eleição de 2006". Segundo ele, se até lá sua "candidatura não tiver visibilidade, o que é mais provável", fará como Dom Pedro 1º . "Se é para o bem de todos e felicidade geral da cidade, digo ao povo que fico". A cerimônia de posse do prefeito e do vice, Otávio Leite (PSDB), começou com uma hora e trinta minutos de atraso. Segundo a mesa diretora da Câmara Municipal, a sessão só poderia começar com a presença do juiz de registro Sérgio Ricardo Fernandes. A solenidade só começou depois que o corregedor eleitoral, Roberto Felinto, convocou a juíza de plantão Lindalva Soares Silva, da 11ª Vara Civil. Para o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Marcus Faver, no entanto, o ato de posse é uma exclusividade do Poder Legislativo, não sendo necessária a presença de um juiz. No fim da tarde, em cerimônia rápida e sem festa, no Palácio da Cidade, Cesar Maia empossou o secretariado. Os vereadores Antônio Pedro Índio da Costa e Alexandre Cerruti trocam a Câmara pelas pastas de Administração e da Terceira Idade. E foi criada uma nova secretaria: a de Relações Institucionais, que cuidará da relação entre o Rio e os outros municípios. O acordo com o PSDB rendeu ao partido cinco secretarias: Trabalho e Renda, Saúde, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia e Deficiente-Cidadão.