Título: Pimentel prega aliança para recolocar país nos trilhos
Autor: César Felício, Cristiane Agostine e Jamil Nakad Jr
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2005, Brasil, p. A5

Liderança em ascendência dentro do PT, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, pregou a aliança entre os partidos em seu discurso de posse. "Ninguém, nenhum partido sozinho, dará conta desse desafio", disse ele. "Recolocar o país nos trilhos do desenvolvimento impõe que o interesse público sobrepuje os interesses menores e mesmo partidários." O economista reeleito com 68% dos votos válidos citou sua própria administração como exemplo das alianças necessárias entre partidos. "Temos um governo estadual que, dentro de suas limitações orçamentárias, tem contribuído com todos os nossos pleitos", afirmou, numa referência às parcerias com o governador tucano Aécio Neves. À frente da maior cidade a ser administrada pelo PT nos próximos quatro anos, Fernando Pimentel já é considerado o representante natural dos 411 prefeitos eleitos pelo partido. "A liderança do Pimentel tem uma simbologia e uma força muito grande", afirmou o presidente da legenda, José Genoino, que esteve em Belo Horizonte para prestigiar a cerimônia de posse em Belo Horizonte, no sábado à tarde. O presidente do PT apoiou o discurso do prefeito e disse que as alianças administrativas são possíveis entre PT e PSDB, como entre o PT e qualquer outro partido. Mas deixou claro que a "relação de alto nível" com os tucanos pára nas questões administrativas. "As eleições (de 2004) deixaram claro que o PSDB é nosso adversário", comentou. "Somos adversários e estamos disputando espaço político; o próprio Aécio (Neves) já deu entrevista dizendo isso." O próprio Pimentel, apesar do tom conciliador ao defender as alianças partidárias e citar seu bom relacionamento com Aécio Neves, não perdeu a oportunidade de alfinetar os tucanos. Em seu discurso, relacionou as desigualdades sociais e as carências materiais da capital mineira ao "cenário nacional ainda impactado por opções econômicas anteriores à esta década", que levaram a um quadro recessivo e à redução da capacidade de ação governamental. "O quadro de dificuldades econômicas do país exigiu do governo federal, liderados pelo presidente Lula, a adoção de um rigoroso ajuste de contas necessário para permitir a retomada do crescimento", afirmou Pimentel. O presidente do PT negou, no sábado, que o Fernando Pimentel possa ser o nome do partido para disputar o governo de Minas, estado onde a legenda mais cresceu, ficando com 86 prefeituras. "O PT não está discutindo 2006", desconversou Genoino. Mas o ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci, garantiu que o PT ou os partidos da base aliada terão candidatura ao governo mineiro. Uma das possibilidades no Estado seria apoiar a candidatura do vice-presidente e ministro da Defesa, José Alencar (PL), segundo especula-se nos bastidores da política mineira. O vice-presidente e vários ministros foram convidados para a festa de posse no Museu de Arte da Pampulha, no sábado à noite. Mas ficou em Natal, em recesso com a família. O único representante do governo federal em Belo Horizonte foi o mineiro Luiz Dulci.