Título: ArcelorMittal decide investir mais US$ 1,6 bilhão no Brasil
Autor: Ribeiro , Ivo
Fonte: Valor Econômico, 08/08/2008, Empresas, p. B7

A demanda em alta de aço para uso em indústrias e na construção civil desencadeou uma corrida de investimentos no Brasil por parte das três únicas fabricantes locais de aços longos comuns - Gerdau, ArcelorMittal e Votorantim. Um dia depois de o grupo Gerdau anunciar que vai erguer nova fábrica no Nordeste, especificamente em Pernambuco, a concorrente ArcelorMittal informou ontem novo plano de expansão nesse segmento, o que mais cresce no país.

Orçado em US$ 1,6 bilhão, esse valor se soma ao investimento de US$ 1,2 bilhão anunciado no início do ano pelo grupo para duplicar sua fábrica em João Monlevade (MG). Esses recursos fazem parte do pacote de US$ 5 bilhões que Lakshmi Mittal, chairman, principal executivo e principal acionista da ArcelorMittal, assegurou em visita ao país no fim de 2007 que iria empregar aqui no prazo de cinco anos, a contar desde 2008.

Segundo informou a empresa, o plano visa adicionar 65% de capacidade de produção à existente hoje no país em quatro unidades siderúrgicas - João Monlevade e Juiz de Fora, em Minas, Piracicaba, em São Paulo, e Vitória (ES). Atualmente, essas fábricas estão aptas a produzir por ano 3,9 milhões de toneladas de aço bruto.

Com os novos investimentos, que devem contemplar duas unidades, segundo apurou o Valor, sendo uma nova no Nordeste e uma expansão da usina de Juiz de Fora, a ArcelorMittal se tornará apta a fabricar 6,5 milhões de toneladas por ano a partir do fim de 2011. O prazo de implantação dos dois novos projetos é de 30 meses. A duplicação de João Monlevade já foi iniciada este ano.

Gonzalo Urquijo, membro da diretoria executiva do grupo, comentou, em comunicado do grupo, que o "o expressivo investimento decidido para o país faz parte do programa integrado de investimentos nas nossas operações brasileiras, com foco em todas as principais linhas de produtos de aços longos". Ele destacou que esse aumento na capacidade, particularmente em fio-máquina, vergalhões e barras, assim como em perfis médios e pesados, reconhece o importante potencial de crescimento do mercado interno.

Segundo a companhia, até agora foi definido apenas o pacote de equipamentos para as unidades, que envolve um alto-forno de 1,5 milhão de toneladas em João Monlevade e dois fornos elétricos, um de 1,2 milhão de toneladas e outro de 800 mil para os demais projetos. Sobre os locais para os projetos, informou que eles ainda estão em análise. A decisão levará em conta logística, terreno, suprimento de matéria-prima, distância do mercado e incentivos. Nenhum executivo do grupo no país estava disponível para se pronunciar.

A usina de Juiz de Fora, que faz 1 milhão de toneladas por ano, está pronta para ser duplicada. Dispõe de uma ampla área ao lado das atuais instalações e está bem próxima da rodovia BR-040, que dá acesso ao Rio, um mercado consumidor em alta por conta projetos em petróleo e petroquímica.

A ArcelorMittal aproveitou para entrar em novos segmentos de atuação. Além de produtos tradicionais que já faz, como fio-máquina e vergalhões, vai introduzir aço para aplicações na indústria automotiva (barras especiais) e outros usos industriais (perfis estruturais médios e pesados). No todo, irá adicionais 500 mil toneladas de fio-máquina, 520 mil de vergalhões, 500 mil de barras especiais e 650 mil de perfis.

A usina da Gerdau no Nordeste prevê 500 mil toneladas inicialmente, podendo duplicar, com investimento de US$ 400 milhões. Já a Votorantim põe em operação em 2009 nova fábrica em Resende (RJ), com volume de 1,05 milhão de toneladas e custo de R$ 1,2 bilhão.