Título: Alta de commodities alavanca exportações
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Fonte: Valor Econômico, 08/08/2008, Agronegócios, p. B12

Ainda sob os efeitos favoráveis da forte alta global nos preços das commodities agrícolas, as exportações do agronegócio nacional cresceram 30% até julho deste ano na comparação com os primeiros sete meses de 2007. As vendas somaram US$ 41,7 bilhões no período ante US$ 32,03 bilhões do ano passado, informou ontem a Secretaria de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura.

Na outra mão, as importações dispararam 45%, para US$ 6,75 bilhões. O trigo, cujo preço ficou quase 70% mais caro, foi o principal responsável pelo desequilíbrio. De janeiro e julho, o saldo comercial do agronegócio brasileiro expandiu-se cerca de US$ 7,6 bilhões, passando de US$ 27,36 bilhões, em 2007, para US$ 34,953 bilhões neste ano.

O bom resultado está ancorado no melhor desempenho mensal já registrado para julho desde o início da série histórica, em 1989. Foram embarcados US$ 7,92 bilhões no mês passado, performance 50% superior aos US$ 5,27 bilhões de julho do ano passado.

As explicações para o "boom" de julho estão na alta de 113,5% do valor exportado pelo complexo soja, que somou US$ 2,83 bilhões. O grão cresceu 121%, para US$ 1,9 bilhão, com preços 72% maiores. No farelo, bateu em US$ 536 milhões, quase o dobro de 2007. No óleo, dobrou para US$ 391 milhões.

Também ajudaram muito no desempenho de julho as exportações do complexo carnes, com crescimento de 55% - um salto de US$ 926 milhões para US$ 1,43 bilhão. Tudo movido a bons preços e elevação de quantidades embarcadas. Na carne bovina in natura, os preços ficaram 55,5% acima de julho de 2007. No frango, foram 34,5% superiores. Suínos in natura cresceram 89% com preços 55,5% maiores.

Na análise da balança comercial dos primeiros sete meses de 2008, fica claro a concentração dos embarques em cinco principais setores. As vendas do complexo soja cresceram 76%, passando de US$ 6,7 bilhões para US$ 11,86 bilhões. Nas carnes, o avanço chegou a 37%, com US$ 8,4 bilhões. Os produtos florestais avançaram 14%, para US$ 5,68 bilhões). Os embarques de cereais, farinhas e preparações, sobretudo milho, saltaram 53%, chegando ao recorde de US$ 1,2 bilhão. Os embarques de café cresceram 15% e bateram em US$ 2,446 bilhões.

Os principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro têm se alterado. Houve forte elevação de 103% nas vendas para a China, o que garantiu ao parceiro asiático a primeira posição no ranking do comércio exterior nacional do setor. Os chineses elevaram sua fatia a 13,2% do total das vendas do agronegócio, superando a participação dos Países Baixos, que tiveram 9,5% até julho deste ano. Os Estados Unidos registraram 8,7% do total. A balança comercial destacou um forte aumento das vendas para Venezuela (144%) e Tailândia (79%) no período. (MZ)