Título: Cresce rentabilidade das maiores companhias
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 13/08/2008, Brasil, p. A4
A rentabilidade das mil maiores empresas no país cresceu de 15,3% em 2006 para 16,8% em 2007, segundo o anuário "Valor 1000", que circula hoje para assinantes do Valor e venda em bancas. O índice é o maior já registrado em toda a série do anuário, iniciada em 2000, e fica pouco acima do apurado em 2004 (16,6%), quando a economia cresceu, como em 2007, acima de 5%. Os ativos totais aumentaram 12,3%, o que revela empenho em investir, e o faturamento líquido (R$ 1,37 trilhão) cresceu 14,6% - números bem acima da inflação de 4,46% medida pelo IPCA. O endividamento geral (passivo exigível sobre o patrimônio líquido) caiu de 121,4% para 109,6%.
Além do ranking das mil maiores empresas por receita líquida, "Valor 1000" aponta, entre elas, as melhores em 25 setores da economia - de acordo com cálculos feitos a partir de dados dos balanços. Essas empresas receberam ontem à noite o prêmio de campeãs setoriais, em cerimônia da qual participou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Foi anunciado ainda, durante a festa, o nome da Empresa de Valor, a campeã entre as campeãs setoriais, prêmio que este ano ficou com a Petrobras.
Os resultados das maiores companhias refletem a combinação de vários fatores positivos, como o crescimento mais forte da economia, a inflação baixa, a criação de empregos formais e a queda dos juros. Os ventos favoráveis fizeram com que as empresas aumentassem seus investimentos. No caso das mil maiores, esse aumento foi de 11,6%, de acordo com cálculos da Serasa que, junto com FGV/Eaesp, é parceira do Valor na preparação dos levantamentos e na supervisão e aplicação dos critérios do anuário. Os setores em que os investimentos mais cresceram foram: açúcar e álcool (42,4%), alimentos (35,9%), metalurgia e siderurgia (33,3%), construção civil e engenharia (30,2%) e mecânica (23,5%). "Contribuiu para isso, também, a ampliação da oferta de crédito, tanto pelo BNDES como via lançamento de debêntures e notas promissórias", afirma Marcio Torres, gerente de crédito da Serasa.
Também como reflexo daqueles fatores, em todos os setores acompanhados por "Valor 1000" a receita cresceu acima da inflação, em seis deles mais do que 20%: Agricultura (27,3%), Construção e Engenharia (26,8%), Veículos e Peças (23,5%), Comércio Varejista (22,6%), Telecomunicações (21,4%) e Comércio Atacadista e Exterior (20,3%).
No ranking das mil maiores companhias fica evidente o avanço das montadoras de veículos, num ano marcado por recordes de vendas. A Volkswagen, com um crescimento de 25,1% na receita líquida, por exemplo, saiu da 6ª para a 5ª posição. A General Motors, com avanço de 17,5%, passou da 7ª para a 6ª . Com o maior aumento de receita entre as grandes montadoras (39,5%), a Fiat saiu da 10ª para a 8ª colocação.
"Valor 1000" classifica as maiores empresas, ainda, de acordo com a região do país. Pela primeira vez desde 2003, as companhias da Região Sul conseguiram aumentar sua participação na receita total das mil maiores: de 12% em 2006 para 13,3% em 2007. Foi o único crescimento entre todas as regiões, motivado principalmente pelo bom desempenho das empresas ligadas ao agronegócio. Nesse caso, o desempenho da Bunge Alimentos, a maior da região, é revelador. A companhia cresceu, em receita, 29,2% e passou da 17ª para a 13ª colocação entre as mil maiores. A participação do Centro-Oeste caiu de 4,3% para 4,2%, a do Norte de 2,3% para 2,1%, a do Nordeste de 5,8% para 5,5% e a do Sudeste de 75,7% para 74,9%.
Das 25 campeãs setoriais de "Valor 1000", São Paulo é o Estado com o maior número delas, 12 no total, seguido por Paraná e Rio de Janeiro (três cada) e Espírito Santo (duas). Com uma estão Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Pará e Pernambuco.