Título: Anglo reúne ativos de minério em nova unidade
Autor: Durão , Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 13/08/2008, Empresas, p. B8

A Anglo American está investindo US$ 10,2 bilhões no Brasil na criação de uma nova unidade de negócios de minério de ferro, a Anglo Ferrous Brazil. A subsidiária vai substituir a IronX, de Eike Batista, e abrigar os ativos de minério e logística dos sistemas Minas Rio e Amapá. O negócio com Batista foi fechado no dia 5 de agosto, apesar da investigação da Polícia Federal sobre a concessão da Estrada de Ferro do Amapá, envolvendo o empresário, ainda estar em curso.

Bernie Pryor, presidente-executivo da nova empresa, disse que "o fato de levarmos adiante a transação e mantermos Batista como presidente do conselho de administração da Anglo Ferrous Brazil indica que acreditamos no negócio e no país, onde estamos há 30 anos". Ele confirmou que Batista ofereceu uma indenização caso perca a concessão da Estrada de Ferro do Amapá. Pryor não falou em valores e disse que não queria especular sobre hipóteses do que poderá acontecer com a ferrovia, que funciona normalmente.

"A Anglo está investindo no Brasil mais do que em qualquer outro país", disse. O executivo explicou que o investimento total no país em minério de ferro inclui US$ 7,2 bilhões pagos a Batista e minoritários da IronX e mais US$ 3 bilhões que estão destinados a tocar o desenvolvimento do projeto Minas Rio. Em 2010, a Minas Rio estará atingindo sua capacidade plena de produção de 26,6 milhões de toneladas de minério de ferro. O minério será explorado nas minas na Serra do Sapo, em Conceição do Mato Dentro (MG). "Garantir o projeto no prazo é o nosso maior desafio", disse Pryor.

O projeto Minas Rio inclui, além da exploração de minério, a construção de uma unidade de beneficiamento de minério do tipo "pellet fide" e um mineroduto de 600 quilômetros que transportará o minério até Porto Açu, em São João da Barra (RJ). A Anglo Ferrous também é dona de 49% da LLX, empresa de logística proprietária da área de carga e descarga de minério do porto fluminense. A capacidade pode ser ampliada para até 100 milhões de toneladas, incluindo exportação de minério e importação de carvão.

O presidente-executivo da Anglo Ferrous Brasil informou que toda a produção de minério de ferro dos sistemas Minas Rio e Amapá (de 6,5 milhões de toneladas ano) está vendida por meio de contratos de longo prazo para o Oriente Médio e China.

A decisão da Anglo American de colocar o minério de ferro como foco de negócio junto com a platina, diamante, cobre e níquel, ocorreu após uma reestruturação da empresa há três anos, quando decidiu vender ativos, inclusive de ouro.

Hoje, o objetivo da companhia é produzir 150 milhões de toneladas de minério de ferro até 2017. Atualmente, a mineradora sul africana, com sede em Londres, produz 30 milhões de toneladas de minério de ferro em sua mina de Kumba, na África do Sul. Para chegar à meta de 2017, ela tem planos de dobrar a produção do sistema Minas Rio, incluindo a construção de um novo mineroduto, expandir a produção de Kumba e fazer aquisições.

Indagado sobre compra das minas Minerminas, Bomsucesso e AVG, que pertencem ainda a MMX Sudeste em poder de Batista, Pryor disse que analisa oportunidades e compara umas com as outras. "Queremos adquirir projetos de classe mundial, grandes e no quartil mais baixo do custo de operações mundiais de minério de ferro. Não analisamos projetos pequenos e que estejam no topo da curva de custos."

A Anglo faturou US$ 25 bilhões em 2007. Com operações em 45 países e projetos aprovados que somam US$ 12 bilhões, a companhia estuda investir US$ 29 bilhões em futuros projetos.