Título: Dilma escanteia PDT e amplia o desgaste
Autor: Ivan, Iunes ; Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 03/03/2011, Política, p. 5

O governo federal e o PDT dão mostras, a cada dia, de que o desgaste entre ambos não diminuiu um milímetro desde a votação do salário mínimo. O partido pedetista foi excluído da reunião de ontem da presidente Dilma Rousseff com os líderes aliados na Câmara. O líder do partido na Casa, Giovanni Queiroz (PDT-PA), retrucou e agradeceu a falta de convite, para não ter de ¿passar pelo constrangimento de dizer não à presidente¿. Para aumentar a temperatura, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) xingou o PT. Hoje, o presidente licenciado do partido e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, tem reunião pela manhã com Dilma.

O Planalto decidiu utilizar a primeira reunião com os aliados da Câmara para sinalizar publicamente o descontentamento com o PDT após a votação do reajuste do mínimo. Na ocasião, nove parlamentares do partido votaram por salário superior aos R$ 545 defendidos pelo governo. O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e o líder do PT na Câmara, Cândido Vacarezza, disseram que o partido não foi convidado porque somente as legendas ¿100% aliadas¿ estariam presentes. Mesmo assim, tentaram minimizar o episódio e chamaram os pedetistas de ¿aliados¿. O clima, no entanto, é péssimo.

Especialmente depois que Paulo Pereira deu entrevista na terça-feira ao jornal Valor Econômico dizendo estar de ¿saco cheio¿ do PT e mandando o partido ir ¿se f...¿. O líder do PDT na Câmara, Giovanni Queiroz (PDT-PA), preferiu desdenhar da falta de convite para a reunião. ¿Houve bom senso da própria presidente em não me convidar. Livrou-me do constrangimento de ter de recusar o convite¿, afirmou ao Correio. Ele garantiu, no entanto, que a relação com o governo é positiva. ¿Os líderes do PT e do governo me tratam bem. Temos compromissos. Não tenho constrangimentos. Somos aliados e aliados seremos enquanto nos quiserem¿, complementou Queiroz. O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, seguiu a linha da diplomacia e afirmou, mais uma vez, que o governo ¿não trabalha¿ com retaliações.

Na reunião, ficou decidido que o conselho político, composto pelos líderes e presidentes das siglas que compõem a base de sustentação do governo, será restabelecido. O primeiro encontro será em 23 de março. O objetivo é discutir a reforma política e temas urgentes do Legislativo. Embora não tenha participado da reunião de ontem, o PDT integrará o colegiado. De acordo com o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG), foram tratados nos encontros temas como o aumento no Bolsa Família e os cortes no Minha Casa, Minha Vida. A presidente garantiu que os dois programas não sofrerão prejuízos.

Segundo Vaccarezza, os líderes elogiaram o início do governo e destacaram a necessidade de haver unidade. ¿Se tirar a primeira semana, da posse, aprovamos sete medidas provisórias. Isso nunca ocorreu em governo algum.¿