Título: Foliões já no ritmo de carnaval
Autor: Iunes, Ivan ; Kleber, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 03/03/2011, Política, p. 8

Um mês depois de assumirem os mandatos, parlamentares da Câmara e do Senado despediram-se ontem dos salões do Congresso rumo ao primeiro grande recesso da nova legislatura. Na parte da manhã, as comissões recém-instaladas iniciaram trabalhos, mas, à tarde, a maioria dos deputados e senadores embarcou em voos rumo a seus estados de origem para o longo feriado de carnaval. ¿Senador Humberto Costa retorna hoje à noite ao Recife para curtir a semana pré e a de carnaval¿, escreveu a assessoria do líder do PT no Senado no Twitter do pernambucano.

José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado, admitiu a dificuldades em manter os parlamentares em Brasília durante o feriado dedicado à folia. ¿O carnaval no Brasil é uma tradição. Nunca ninguém resiste a esse desejo de participar da festa.¿

Líderes das duas Casas afirmam que a pauta de votações importantes só será retomada no dia 15. Na prática, deputados e senadores ganharão quase duas semanas de folga no recesso carnavalesco. O calendário de feriados e pontos facultativos divulgado pelo Senado nesta semana reforça o esvaziamento do trabalho legislativo no início de março.

Após a votação das medidas provisórias consideradas prioritárias para o governo e prestes a perder a validade ¿ a exemplo da proposta que cria a Autoridade Pública Olímpica (APO) e da concessão de empréstimo para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ¿, os líderes da base não tiveram mais argumentos para manter os parlamentares no Distrito Federal.

Sem previsão de debates e deliberações nos próximos 13 dias, a próxima missão dos congressistas pode ter início apenas no dia 17, quando começam a vencer a próxima remessa de medidas provisórias. Enquanto isso, os trabalhos das comissões formadas para discutir a reforma política, a reforma administrativa do Senado e os debates envolvendo o texto do Código Florestal são postergados.

Na volta do recesso, o Congresso receberá a medida provisória editada pelo Planalto que estabelece o reajuste na tabela do Imposto de Renda. O governo acena com índice de 4,5%, mas parlamentares da base e da oposição já ensaiam protestos para elevar esse percentual.