Título: Indústria pisa no freio
Autor: Cristino, Vânia
Fonte: Correio Braziliense, 03/03/2011, Economia, p. 12

O esfriamento da economia no último trimestre de 2010 puxou o freio da indústria em janeiro. A produção fabril avançou apenas 0,2% no mês, 2,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e 9,4% no acumulado de 12 meses. Os números, divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que alguns segmentos até se sobressaíram, mas a marca principal é de acomodação geral e persistente, cenário que tende a se agravar por causa da elevação da taxa básica de juros (Selic) a 11,75% ao ano.

Apesar de ter deixado para trás dois resultados negativos seguidos ¿ de -0,1% em novembro e de -0,8% em dezembro ¿, a indústria opera sem esboçar o menor sinal de que arrancará com mais fôlego nos próximos meses. Silvio Sales, economista e consultor da Fundação Getulio Vargas (FGV), explicou que a estabilidade veio para ficar. ¿É possível ver discretos crescimentos, mas o quadro é bem moderado.¿ Parte desse movimento se deve, segundo o analista, às medidas tomadas pelo governo para frear o consumo e ao avanço das importações.

Não fosse o setor automobilístico, o baque teria sido maior (leia mais na página 17) ¿ a expectativa do mercado oscilava entre -1,5% e 0,30%. O ramo de veículos automotores avançou 8,2% e foi responsável pela maior parte do resultado do mês. Máquinas e equipamentos também ostentaram, em janeiro, boas marcas, assim como o item outros equipamentos de transportes. André Macedo, da coordenação da pesquisa de indústria do IBGE, disse que o saldo de janeiro não zera as perdas recentes do setor, mas há dados positivos.