Título: Para Mangabeira Unger, exploração do pré-sal não exige controle estatal
Autor: Rosas, Rafael
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2008, Brasil, p. A5

O ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, deu mostras ontem de que a discussão dentro do governo sobre a melhor maneira de se explorar a camada do pré-sal do litoral brasileiro não é sinônimo de aumento da presença estatal no setor de petróleo. Mangabeira Unger ressaltou que a decisão final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas afirmou que a discussão não deve envolver "preconceitos ideológicos".

"Assegurar a primazia dos nossos interesses estratégicos não exige necessariamente a nacionalização, o controle estatal (sobre o pré-sal). Há outras maneiras de fazer isso e nós precisamos resolver essa questão sem preconceitos ideológicos", frisou Mangabeira Unger, que participou do seminário "Instituições para inovação", promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro.

O ministro afirmou ainda que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos Estados Unidos não representa uma ameaça à soberania brasileira e à exploração do pré-sal, já que alguns campos ficam perto do limite da plataforma continental brasileira. Mesmo assim, Unger ponderou que a atuação da Quarta Frota reforça a importância de o Brasil criar uma estratégia nacional de defesa.

"Lembro que uma das razões principais para a formulação da estratégia nacional de defesa é contar com um escudo, não apenas contra agressões, mas também contra as intimidações", frisou. "Precisamos nos organizar para não ficarmos assustados com cada fato novo no mundo", disse o ministro.

A reativação da Quarta Frota americana, destinada a atuar no Atlântico Sul, foi decidida este ano por Washington. Criada durante a Segunda Guerra Mundial e inativa desde a década de 50, a Quarta Frota foi recriada com o objetivo de atuar contra o tráfico de drogas e operar conjuntamente com as Forças Armadas dos países do Cone Sul.