Título: Meta para expansão de investimentos será superada, diz Miguel Jorge
Autor: Jorge , Danilo
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2008, Brasil, p. A5

O governo já considera como praticamente certa a superação da meta de investimentos estabelecida pela Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), que tem como objetivo elevar a taxa de investimento da economia brasileira, medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBFC), dos 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2007 para 21% em 2010.

"Somente no primeiro semestre foram anunciados R$ 400 bilhões em investimentos, que crescem com muita força desde o ano passado, indicando que vamos certamente superar a meta", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, em palestra feita ontem na Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg).

Segundo ele, o aperto na política monetária não deverá afetar as decisões de expansão produtiva anunciadas. "Todos os investidores sabem que a atual taxa de juros é pontual, devendo ter mais dois ou três novos aumentos ainda, para depois voltar a cair assim que a inflação estiver sob controle", disse. "Além disso, não estamos falando da construção de pizzarias, mas de projetos que envolvem grandes empreendimentos, como refinarias e siderúrgicas."

Na avaliação do ministro, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, agiu de forma correta ao elevar os juros porque essa opção era melhor do que a adoção de medidas restritivas ao crédito, que poderiam afetar muito mais a atividade econômica e as perspectivas de investimentos.

"O estoque de crédito ao consumo explica boa parte do nosso crescimento, com destaque para os setores automotivo e de construção civil", disse Miguel Jorge. E mesmo com o impulso que esse volume de crédito vem dando ao consumo, o ministro não vê riscos para um eventual descontrole inflacionário. "Em termos de inflação, estamos numa honrosa lanterna na América Latina e temos os menores índices entre todos os países emergentes."

Para ele, o PIB brasileiro deverá crescer este ano 4,8%, reduzindo o ritmo moderadamente em 2009, quando a expansão deverá ficar em 4%. Miguel Jorge voltou a minimizar o fôlego das importações, que, segundo ele, crescem a um ritmo em torno de 40% ao ano, ante a alta de 25% das exportações. "Pelo menos 70% das nossas compras externas são de bens de capital, matéria-prima e insumos", disse o ministro.

Na área externa, Miguel Jorge afirmou que a meta de exportações estabelecida na PDP, de US$ 208,8 bilhões em 2010, deve ser igualmente superada, uma vez que o volume das vendas externas vem sendo constantemente revisto para cima. A meta deste ano, por exemplo, passou de US$ 160 bilhões para US$ 180 bilhões. "Há estimativas mais otimistas, como a da associação dos exportadores, que prevê um total de US$ 196,8 bilhões", assinalou o ministro.

O primeiro balanço oficial da nova política industrial do governo, lançada na segunda semana de maio, deve ser feito dentro de 30 a 40 dias. "Por enquanto, estamos trabalhando para instalar os fóruns setoriais", disse Miguel Jorge.