Título: Garibaldi aguarda conclusão da PF sobre 1º secretário
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2008, Polítfica, p. A8

O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), afirmou ontem que consultará o Ministério Público Federal e a Polícia Federal sobre as conclusões do inquérito que investigou um esquema de fraudes em licitações no Senado. Segundo Garibaldi, qualquer decisão sobre cancelamento ou não de contratos suspeitos só poderá ser tomada com base nas conclusões da PF e do MP.

Sobre um eventual afastamento da Mesa Diretora do primeiro-secretário, Efraim Morais (DEM-PB) - cujo cargo é responsável pela área de contratos -, o presidente da Casa disse que qualquer providência depende da apuração da existência de irregularidade ou quebra de decoro. O mesmo argumento, segundo ele, vale para a permanência do diretor-geral, Agaciel Maia.

Efraim e Agaciel são mencionados em conversas telefônicas entre os suspeitos das fraudes, gravadas pela Polícia Federal na operação Mão-de-Obra, de acordo com reportagem do jornal "Correio Braziliense" de ontem. Segundo a denúncia do MP, Agaciel saberia do acordo entre as empresas participantes de concorrências.

Efraim, por sua vez, fez discurso ontem na tribuna do Senado, para negar qualquer participação em fraudes na Casa. Afirmou basear seus atos em "fundamentação legal e jurídica, no interesse público e no custo justo". Ele disse que solicitaria audiência com o diretor-geral da Polícia Federal para "autorizar" a PF a tornar público qualquer diálogo gravado durante as investigações e, caso haja alguma diálogo seu com algum dos denunciados, "autorizar" a PF a remetê-lo ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa.

"A segunda medida é autorizar que a Polícia Federal proceda da mesma maneira no que diz respeito às minhas finanças pessoais". Ele atribuiu as denúncias contra ele ao fato de ter ferido "interesses poderosos" quando atuou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos. Vários senadores manifestaram solidariedade a Efraim, mas muitos defenderam o cancelamento dos contratos suspeitos, que foram renovados por Efraim sem licitação.