Título: Evangélicos já somam 24% da população
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Fonte: Valor Econômico, 07/08/2008, Empresas, p. B3

O crescimento da música religiosa, no mesmo momento em que a indústria fonográfica padece com a pirataria física e virtual, mostra a força da população evangélica no Brasil. Em 2000, os evangélicos eram 15,5% na população brasileira. Hoje, representam 24% dos 183 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Brasil continua sendo um país majoritariamente católico, mas essa proporção tem diminuído a cada ano. Na década de 70, os católicos eram 85 milhões de pessoas e, em 2000, somavam 125 milhões. Proporcionalmente, porém, os católicos têm perdido espaço. Em três décadas, encolheram 20% em relação a população total, afirma Christina Vital, antropóloga do Instituto de Estudos da Religião (Iser).

O principal impulso ao crescimento evangélico vem das igrejas denominadas pentecostais - como Assembléia de Deus e Congregação Cristã do Brasil, fundadas no início do século passado - e das neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus e Renascer, que surgiram nos anos 70.

O número de fiéis das igrejas evangélicas pentecostais cresce mais rapidamente do que qualquer outra religião no país. Isso também vale na comparação com igrejas protestantes históricas ou tradicionais, que tem raízes européias e inclui grupos como anglicanos, luteranos e presbiterianos, entre outros. Em geral, essas igrejas são resultado direto da Reforma Protestante do século XVI e chegaram ao Brasil no século 19, bem antes das igrejas pentecostais.

Segundo dados do instituto de pesquisa Datafolha, 22% da população brasileira é evangélica: os pentecostais respondem por 17% e os históricos pelos 5% restantes. "Assim como os católicos, o número absoluto de evangélicos tradicionais aumentou. Mas proporcionalmente a população total caiu", afirma a especialista do Iser.

Esse fenômeno, diz Christina, tem ocorrido no mundo todo. Em países da América Latina, Ásia e até da Europa - onde foram fundadas as igrejas tradicionais -, há um crescimento acelerado dos evangélicos pentecostais, cujas práticas litúrgicas e confissões de fé são diferentes dos grupos tradicionais. "É um fenômeno particular dos países em desenvolvimento, principalmente na periferia desses países", afirma a antropóloga. "Mas o fenômeno está presente em Paris também. Nos países desenvolvidos, esse movimento está ligado a imigrantes e excluídos." (TB)