Título: Bic reforça empréstimo a empresa média e amplia em 142% o lucro
Autor: Carvalho , Maria Christina
Fonte: Valor Econômico, 07/08/2008, Finanças, p. C2

Milto Bardini, vice-presidente: "Estamos entregando o que prometemos" Especializado no negócio mais cobiçado do momento no mercado financeiro, o crédito para empresas médias, o BicBanco colheu os frutos da estratégia no balanço do primeiro semestre. Apesar de ter começado o ano com cautela redobrada, por causa da crise internacional de liquidez, o BicBanco fechou o semestre com lucro líquido de R$ 196,6 milhões, mais do que o dobro dos R$ 81,2 milhões de igual período de 2007. O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio ficou em 25,5%, pouco acima dos 24,9% do primeiro semestre de 2007.

"Estamos entregando todos os três grandes objetivos que prometemos para este ano: um retorno de 25% ao ano, crescimento de 50% da carteira de crédito e um índice de eficiência de 35%", afirmou o vice-presidente Milto Bardini.

De fato, além do retorno dentro da meta, o Bic ampliou em 56,9% a carteira de crédito em relação ao primeiro semestre de 2007, atingindo R$ 9,2 bilhões. De 66% dos ativos totais em junho de 2007, a carteira de crédito passou a 77% dos ativos que, em junho passado, eram de R$ 11,9 bilhões.

O Bic reforçou as operações com empresas médias, principal alvo da instituição, como disse Bardini, reduzindo, paralelamente, as operações de varejo, crédito pessoal e consignado. "Estamos nos concentrando nas operações com nosso público alvo, a empresa média, que têm margens amplamente satisfatórias e nos permitem praticar taxas pós-fixadas", explicou.

Assim, do total de R$ 9,2 bilhões em créditos contabilizados em junho, 94% são operações com empresas médias, com destaque para as linhas comerciais (R$ 6,9 bilhões) como capital de giro, desconto de recebíveis e conta garantida, e financiamento ao comércio exterior (R$ 1,7 bilhão). Já a participação do crédito de varejo diminui de 10,6% em junho de 2007 para 6% em junho passado. As operações de consignado foram reduzidas em 14,4% e as de crédito pessoal, em 7,7%. Segundo Bardini, a tendência dessa carteira de varejo é se "estiolar".

A margem das operações com pessoas jurídicas melhorou, explicou o executivo, porque foi possível repassar o aumento dos custos de captação, resultado da crise internacional, e dos custos fiscais, que subiram com a elevação da CSLL dos bancos de 9% para 15%. O custo médio de captação está agora ao redor de 105% do CDI em comparação com 101,5% do ano passado. Bardini prevê que ele deve se manter nesse patamar com o aumento do interesse dos investidores pela renda fixa, embora terá influência da elevação da taxa básica de juros, que já subiu 1,75 ponto desde abril para os atuais 13% e deverá superar os 14% até o final do ano.

A captação em depósitos a prazo cresceu 69,9% nos doze meses terminados em junho, para R$ 5,3 bilhões. O banco também reforçou as captações internacionais, levantando US$ 180 milhões com a emissão de eurobônus de dois anos de prazo em seu programa de US$ 1 bilhão de notas de prazo médio.

O índice de eficiência atingiu 35,8%, com melhora de 10,3 ponto percentual quando comparado ao mesmo período de 2007. O índice de Basiléia ficou de 14,93%.