Título: Agronegócio deve fechar ano com superávit de US$ 62 bi
Autor: Zanatta , Mauro
Fonte: Valor Econômico, 15/08/2008, Agronegócios, p. B11

Porto: "Seremos responsáveis por todo o superávit da balança este ano" As exportações do agronegócio brasileiro, que triplicaram de valor entre 2004 e 2007, devem fechar este ano em US$ 74 bilhões, um resultado 27% superior aos US$ 58,4 bilhões do ano passado, informou ontem o Ministério da Agricultura. O superávit comercial do setor pode atingir US$ 62 bilhões, ou 24% acima dos US$ 49,7 bilhões de 2007. Até julho deste ano, os embarques somaram US$ 41,7 bilhões e o saldo bateu em US$ 35 bilhões.

O resultado projetado para o setor deve levar as exportações do agronegócio a aumentar de 36,4% para 37% sua fatia no total das vendas externas brasileiras. "Seremos responsáveis por todo o superávit da balança este ano", previu o secretário de Relações Internacionais do ministério, Célio Porto. Neste ano, o setor de produtos florestais deve bater a marca dos US$ 10 bilhões em vendas, valor atingido até aqui só nos complexos soja e carnes.

As tendências para este ano serão a consolidação das exportações de produtos lácteos, cuja vendas saltaram de US$ 27 milhões, em 2001, para US$ 300 milhões no ano passado, além da confirmação da importância dos embarques de milho. "Os lácteos são a bola da vez. É um consenso aonde quer que se pergunte", afirmou Porto. "E o milho veio para ficar na pauta de exportações. Agora, vamos agregar valor com estímulos às exportações de ração animal".

O Ministério da Agricultura estima que, a partir de 2009, os mercados dos países emergentes, cuja demanda cresce ao ritmo anual de 20%, devem ser o destino de metade das vendas totais do agronegócio. "Em 2010, a tendência é ultrapassar os países desenvolvidos", disse Célio Porto. A estimativa é fundamentada no minucioso anuário "Intercâmbio Comercial do Agronegócio" sobre o comportamento das exportações do setor. O estudo mostra que o Brasil elevou de 4,9% para 6,9% sua participação no comércio mundial do agronegócio na última década. O ritmo de crescimento do setor no Brasil chegou a 9,6% ao ano. Nos últimos três anos, houve uma aceleração para 14% ao ano, resultado de uma elevação de 68% nos preços e 32% na quantidade exportada.

Na análise dos dados do anuário, é surpreendente o desempenho do mercado da China. "Eles absorveram quase 20% das nossas vendas em julho", disse o secretário. Os Países Baixos, segundo maior mercado, responderam por 9% e os Estados Unidos, por 8%. Sozinha, a China contribuiu com metade do aumento na fatia dos países emergentes, saltando de 3,7%, em 2001, para 8% no ano passado. "Mas há o risco de concentração e dependência excessiva do mercado chinês, sobretudo para as vendas de soja", ponderou Célio Porto. Do total embarcado à China, 60% é soja. Os países do Oriente Médio e da África, assim como a Rússia, também expandiram sua participação. Dos US$ 3,7 bilhões exportados para a Rússia em 2007, por exemplo, 90% foram produtos do agronegócio brasileiro. É a maior participação relativa do agronegócio por total vendido em um país. No Irã, as vendas do setor representaram 85,2% das vendas totais, chegando a US$ 1,6 bilhão. Na última década, os embarques cresceram 20% ao ano. A Venezuela, que em 2006 ocupava a 12ª posição no ranking dos maiores mercados para o setor, já figura em 9º, aponta o anuário.