Título: Cultura dribla crise
Autor: Pariz, Tiago
Fonte: Correio Braziliense, 04/03/2011, Política, p. 7

Ministra indica cientista político para fundação e tenta dissipar turbulências na pasta

Depois da reformulação da área de direitos autorais, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, indicou ontem o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos para a Fundação Casa de Rui Barbosa, numa tentativa de estancar a evolução da crise na pasta. Ele ocupará o cargo que seria do sociólogo Emir Sader, mas o petista perdeu o posto depois de usar o termo ¿meio autista¿ para definir a ministra.

Os problemas no ministério começaram quando Ana de Hollanda sinalizou que não iria dar continuidade à reformulação da lei de direitos autorais, ponto que vinha sendo debatido desde a época de Gilberto Gil à frente da pasta. Essa defesa fez a ministra entrar em rota de colisão com Marcos Souza, então chefe da Diretoria de Direitos Intelectuais e principal defensor da renovação do setor. Souza acabou demitido e, para o lugar dele, Ana de Hollanda convocou Márcia Regina Barbosa, servidora da Advocacia-Geral da União, indicada por pessoas ligadas ao Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad). A troca foi vista como um gesto de que o projeto seria abandonado. Mas Márcia assumiu o cargo, avisou que não tinha posições pré-concebidas e nem era contra uma nova legislação autoral. Acabou prometendo manter o debate aquecido.

A tranquilidade que Ana de Hollanda espera conseguir a partir de agora no ministério, entretanto, ainda é incerta na Fundação Casa de Rui Barbosa, na visão de Wanderley Guilherme dos Santos. ¿Nesse episódio, ninguém foi visto pelo ângulo favorável, nem a ministra, nem o professor Emir, nem a fundação¿, afirmou o cientista político, que não sabe como estará a disposição dos pesquisadores após o episódio. ¿É surpreendente um intelectual de alta respeitabilidade e envolvido com política internacional e com os partidos políticos ter dito algo do tipo¿, completou, atribuindo a declaração de Sader a uma frase tirada do contexto.

A solução encontrada pela ministra para a fundação foi vista com bons olhos pelo Palácio do Planalto. A avaliação é que ela evitou a sobreposição da turbulência criada por Sader com a polêmica sobre a reformulação da lei de direitos autorais. A presidente Dilma Rousseff bancou a definição de Ana de Hollanda para fortalecer a subordinada e conter petistas insatisfeitos com o começo de gestão na Cultura.

Presidente reforça confiança em Lupi Depois de ter sido excluído da reunião entre a presidente Dilma Rousseff e os líderes dos partidos da base aliada, realizada na quarta-feira, o PDT voltou a sorrir. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, presidente licenciado da sigla, encontrou-se com Dilma ontem e, após o compromisso, a presidente fez questão de ressaltar que ele é de ¿inteira confiança¿. ¿Queria entender por que o ministro Lupi não ficaria (no cargo)¿, disse. Na Câmara, o PDT também respirou aliviado. O governo já convidou o líder da sigla, Giovanni Queiroz (PA), para participar da próxima reunião com a base aliada.

Aviação deixa Dilma impaciente Igor Silveira Diego Abreu O início dos trabalhos da Secretaria de Aviação Civil continua emperrado. A presidente Dilma Rousseff havia convidado o presidente do Banco Safra, Rossano Maranhão, para comandar o órgão com status de ministério, que terá o papel de administrar os problemas de infraestrutura nos aeroportos do Brasil. O Correio apurou que o economista recusou o convite há algumas semanas, mas reconsiderou a decisão e avalia deixar a instituição financeira.

Dilma, no entanto, está impaciente com a demora na resposta e com o atraso na instalação da secretaria, devido à proximidade da Copa do Mundo de 2014. Além da presidente, governadores de estados que participarão do evento esportivo demonstram irritação com a indefinição.

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que esteve em Brasília ontem para a posse do novo ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, comentou o caso. Questionado sobre a possibilidade de Rossano Maranhão assumir a função, Cabral respondeu: ¿Parece que não será ele. Tenho certeza de que a presidenta Dilma está imbuída desse desafio e vai encontrar um nome que seja capaz de enfrentar os entraves. Mas há tempo de se resolverem os problemas, desde que a secretaria seja rapidamente criada, que o nome seja escolhido com brevidade e eficiência e o dever de casa seja feito¿.