Título: Cemig vai destinar R$ 500 milhões para transmissão
Autor: Jorge, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 19/08/2008, Empresas, p. B8

A Companhia Energética de Minas de Minas Gerais (Cemig) revisou o seu plano de investimentos para este ano de 2008, ampliando em quase R$ 600 milhões o orçamento previsto inicialmente de R$ 1,56 bilhão. A maior parte dos recursos adicionais será direcionada à aquisição de linhas de transmissão, reforçando o posicionamento da empresa nesse segmento que hoje conta com grande participação das estatais federais controladas pela Eletrobrás.

A aquisição dos novos ramais de transporte de energia será feita por meio da holding Transmissoras Brasileiras de Energia (TBE), da qual a Cemig detém 21% do controle. "Vamos anunciar a operação em breve", afirmou Luiz Fernando Rolla, diretor de finanças e de relações com investidores da concessionária, sem informar as linhas de transmissão que serão compradas.

A TBE controla por meio de cinco empresas uma rede formada por 2.116 quilômetros de linhas e 14 subestações em 72 municípios do Pará, Maranhão e Santa Catarina. Para a aquisição, a Cemig reservou R$ 500 milhões e espera, com a operação, aumentar em um ponto percentual a sua participação no mercado de transmissão de energia. A estatal detém diretamente uma fatia de 5,3%, sem considerar a posição acomodada na TBE, que tem outros 4,2% do setor brasileiro de transmissão.

As maiores transmissoras do país são controladas pela Eletrobrás (Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul), que detêm participação consolidada de 46,7%. Sem considerar as estatais federais, a Cemig é a segunda maior operadora privada, com uma rede de 4.858 quilômetros, ficando abaixo apenas da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), controlada pelo grupo colombiano ISA, cuja participação chega 15,1%.

Além da expansão por outros estados do país, a Cemig busca internacionalizar seus negócios de transmissão. No final de outubro, dará partida à Transchile Charrúa Transmisión, que vai operar por 20 anos o ramal de transporte de energia de 190 quilômetros entre as cidades Charrúa e Temuco, no Chile. A Transchile recebeu investimento de US$ 72 milhões e tem seu controle distribuído entre a Cemig (49%) e a Alusa (51%).

As aquisições têm sido um dos vetores preferenciais de crescimento da Cemig no mercado de energia - no Brasil e no exterior. Para isso, constituiu uma superintendência encarregada de mapear e avaliar oportunidades e fechou, recentemente, uma parceria estratégica com a Neoenergia (controladora da Coelba e da Cosern, além de outros negócios), com vigência até o final deste ano, para aquisição de empresas.

Cemig e Neoenergia chegaram a avaliar a compra da chilena Saesa, que acabou sendo arrematada em junho pelo Morgan Stanley e um fundo de pensão canadense por U$ 1,3 bilhão. "Nossa parceria continua em vai dar frutos no futuro", afirmou Rolla. As duas empresas estão juntas também na construção da hidrelétrica de Baguari, prevista para ser posta em operação em 2009 com potência instalada de 140 megawatts (MW).

Desde 2002, a Cemig comprou o controle das hidrelétricas Sá Carvalho e Rosal, além de participações na Light (13%) e nas transmissoras TBE (20%) e Lumitrans (20%). "Há dez anos, tínhamos apenas uma empresa e, agora, contamos com um portfólio de mais de 40 companhias", disse Djalma Bastos de Morais, presidente da Cemig.

Na área de geração, a Cemig decidiu manter a sua participação no projetos de energia da Light, que tem capacidade instalada de 855 MW e pretende agregar mais 173 MW até 2012. Para isso, vendeu seus direitos de opção de renúncia à participação por R$ 82,7 milhões aos demais sócios da Light. "Um terço foi pago à vista e o restante será quitado com dividendos em até nove anos", explicou Rolla. Dos quase R$ 600 milhões de investimentos adicionais, R$ 94 milhões serão aplicados na expansão da rede da Gasmig.