Título: Presidente privilegia campanhas em São Paulo
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 21/08/2008, Polítca, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abrirá pela capital paulista e pelo ABC o roteiro de viagens para ajudar os candidatos aliados nas eleições municipais de outubro. No dia 30, ele participará de um evento de campanha da petista Marta Suplicy, em São Paulo. Depois, seguirá para São Bernardo (Luiz Marinho-PT); Santo André (Vanderlei Siraque-PT) e Diadema (Mário Reali-PT). Deve também ir a Campinas, onde o pedetista Doutor Hélio busca a reeleição e conseguiu formar uma ampla coalizão partidária em torno de seu nome.

Fora de São Paulo, as certezas de apoio pessoal do presidente são menores. Lula prometeu ir até Natal, onde a petista Fátima Bezerra tenta reverter um cenário adverso nas pesquisas. Mas ainda não confirmou se vai a Vitória (o candidato do PT é João Coser e busca a reeleição). Certas mesmo são as ausências em Salvador - "nem pensar", resumiu um assessor; e Recife, onde dois candidatos da base aliada disputam a preferência do eleitorado.

Um assessor próximo do presidente confirmou que Lula está reticente em participar das campanhas. Chega a fazer uma brincadeira. "Ele está preguiçoso, todos nós estamos dando umas cutucadas para ver se ele reage", brincou o amigo. "Esperamos que, depois de São Paulo, ele relaxe e acerte mais atividades de campanha", completou.

Todos os aliados sonham em ter o presidente em seu palanque. No final da tarde de terça, o presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), teve uma audiência reservada com Lula. Segundo assessores governistas, o PT, apesar de ser o partido do presidente, tem sido bastante compreensivo. "O Berzoini trouxe uma lista bem ponderada de cidades como sugestões para o presidente.. Deixou claro que a presença poderia ser no palanque ou apenas em gravação de mensagens para o horário eleitoral", disse um petista.

Lula não quer se envolver diretamente em todas as campanhas municipais porque sabe que os dividendos políticos poderão não aparecer. O presidente teme que os resquícios e mágoas pós-eleições possam atrapalhar a governabilidade. Muitos deputados derrotadas nas urnas poderão dificultar a vida do governo em votações futuras no Congresso. "O presidente costuma repetir: quando o candidato ganha, ganha pelos seus méritos. Quando perde, o culpado é o presidente e o governador que não apoiaram", repetiu o assessor.

O presidente acha que os aliados da coalizão governista não têm do que reclamar. Aos ministros políticos e aos integrantes do Conselho Político, autorizou usar os dados do governo federal nas campanhas municipais. "O melhor que eu poderia oferecer aos aliados eu já fiz: um governo que está dando certo". Lula conta, ainda, com o bom senso dos candidatos, que sabem que ele não pode fazer campanhas durante o dia, restando apenas as noites e os finais de semana para ajudar os candidatos aliados. Em setembro, no entanto, a agenda oficial como presidente está lotada. Dos 30 dias do mês, em pelo menos 13 deles já estão previstas viagens, pelo Brasil e pelo exterior. Outras viagens ainda poderão ser incluídas.