Título: Desemprego volta a crescer com maior procura por vagas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2008, Brasil, p. A3
Um descompasso entre as taxas de crescimento do emprego e da população economicamente ativa (PEA) pode explicar o leve avanço da taxa de desocupação, que atingiu 8,1% em julho após haver registrado 7,8% no mês anterior, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto a taxa de ocupação passou de 4,5% para 4% entre o sexto e o sétimo mês do ano, a taxa de crescimento em 12 meses da PEA ficou em 2,5% até julho, ante 2,4% nos 12 meses até junho, observou o economista da LCA Consultores Fábio Romão.
"O número de pessoas disponíveis no mercado aumentou mais do que a taxa de emprego, mas ainda assim o crescimento do emprego foi bastante robusto", resumiu. De acordo com o economista, a aceleração da taxa de crescimento da PEA também poderá provocar uma elevação na taxa de desocupação de agosto, estimada em 8,2% (0,1 ponto acima do resultado de julho). Em termos nominais, apontou relatório do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), houve pouca variação no total de pessoas empregadas (que passou de 21,72 para 21,67 milhões entre junho e julho) e desempregadas (de 1,85 milhão para 1,91 milhão no período).
Para o gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, Cimar Azeredo, o resultado de julho representa estabilidade, uma vez que a enquete baseia-se em amostragens, o que pode causar variações estatísticas. "Não sabemos se movimentações como inflação e aumento de juros já estão afetando o mercado de trabalho. Precisamos de mais alguns meses para confirmar isso", disse. "Se em agosto o quadro continuar, aí poderemos colocar a pulga atrás da orelha", acrescentou. Ele frisou que os indicadores de julho são em grande parte os melhores da série histórica para o sétimo mês do ano. A taxa de desocupação, por exemplo, superou o recorde de baixa anterior, de 9,4% em julho de 2005.
O técnico do IBGE ressaltou ainda que o nível de formalização cresceu significativamente na média dos sete primeiros meses do ano. Segundo Azeredo, a média dos trabalhadores formais como fatia da população ocupada entre janeiro e julho pulou de 52,7% no ano passado para 54,5% este ano. Como formais estão incluídos os empregados com carteira no setor privado e todos os funcionários públicos, inclusive militares e os não-estatutários.
Em julho, o nível de formalização atingiu 54,3% da população ocupada, contra 54,4% em junho e abaixo do pico de 54,9% de abril. O rendimento médio real ficou em R$ 1.224,40 em julho, 3% acima dos R$ 1.188,20 de julho do ano passado, mas 6,2% abaixo dos R$ 1.305,70 observados em julho de 2002. Azeredo revelou ainda que a população ocupada média entre janeiro e julho subiu 15,9% entre 2003 e 2008, passando de 18,4 milhões para 21,4 milhões, enquanto a população em idade ativa avançou 10,75% em igual período, pulando de 37,1 milhões para 41,1 milhões entre janeiro e julho deste ano.
Para Romão, da LCA, o cenário de crescimento econômico mais modesto segundo semestre deve contribuir para desaceleração o ritmo de expansão do emprego. Ainda assim, a taxa de desocupação no país deve se encerrar abaixo da apontada em julho, ficando em 7,3% - em 2007 a taxa ficou em 7,4% a mais baixa da história. (CB e Rafael Rosas, do Valor Online)