Título: América do Sul deve ampliar área de soja
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 21/08/2008, Agronegócios, p. B12

A produção de soja na América do Sul deve apresentar novo crescimento na safra 2008/09, mas o avanço não será maior em virtude dos problemas enfrentados pelas lavouras da Bolívia, o quarto maior produtor da região. Na safra 2007/08, a área colhida no país deve cair 12% e a produção, 33%, para 1,1 milhão de toneladas, segundo levantamento da Safras&Mercado.

"A Bolívia enfrentou excesso de chuvas em janeiro, o que causou problemas de germinação nas plantas. O país tem sofrido com a ferrugem asiática e o endividamento é mais grave que no Brasil", diz o analista Flávio França Júnior. Ao contrário do que ocorre no Brasil, que adotou o vazio sanitário, durante o qual o plantio de soja de segunda safra, a "safrinha", a Bolívia mantém o cultivo de soja safrinha. A tendência é que o país não eleve sua área de plantio.

Levantamento de intenção de plantio da Safras&Mercado realizado em julho aponta um crescimento da produção da soja no Brasil, que deverá passar de 60,7 milhões de toneladas na safra 2007/08 para 62,2 milhões de toneladas no ciclo 2008/09. "O fator para esse aumento era o preço. Ele ainda se mantém alto em comparação com as médias históricas, mas agora o preço recuou, ao contrário do que ocorre com os insumos, que permanecem em alta. Muitos produtores não vão fechar as contas", disse.

Na Argentina e no Paraguai, o crescimento da soja deverá ficar entre 4% e 5% no ciclo 2008/09, segundo análise preliminar da Safras&Mercado. Levantamento de campo da sobre a intenção de plantio nesses países e na Bolívia será apresentado no próximo mês.

Na Argentina e no Paraguai, a soja tende a ganhar espaço também por conta do aumento do preço dos insumos. a oleaginosa exige menos gastos com insumos em comparação com milho e trigo, segundo França Júnior. A soja na Argentina deve encerrar a safra 2007/08 com área 2% maior, mas uma queda de 3% na produção, para 47 milhões de toneladas. No Paraguai, a área cresceu 9%, enquanto a produção deve subir 20%, para 7 milhões de toneladas. (PC)