Título: Estrangeiro reduz investimento em renda fixa
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Fonte: Valor Econômico, 22/08/2008, Finanças, p. C2
Depois de dispararem em julho, os investimentos estrangeiros em renda fixa, sobretudo títulos públicos, voltaram aos patamares normais em agosto, mostram estatísticas do balanço de pagamentos divulgadas ontem pelo Banco Central. Em agosto, até o dia 21, ingressaram US$ 705 milhões em capitais estrangeiros dirigidos a renda fixa. Está ocorrendo uma queda importante em relação a julho, quando o volume chegou a US$ 4,169 bilhões. Um mês antes, em junho, ingressaram US$ 907 milhões para a renda fixa.
Segundo o BC, em julho os investidores estrangeiros realocaram suas aplicações, sacando US$ 3,779 bilhões que estavam aplicados em ações negociadas dentro do país e dirigindo os recursos para renda fixa. A realocação deveu-se ao fraco desempenho da Bolsa e ao aumento dos juros pagos pelos títulos do Tesouro, depois de o BC iniciar o aperto na política monetária. Em agosto, até o dia 21, saíram US$ 410 milhões da Bolsa.
Os juros pagos pelos papéis públicos continuam altos, mas mesmo assim os investidores aplicaram menos em agosto, em parte porque aplicaram no mercado americano, que passou a pagar remuneração um pouco mais atrativa. Além de investir menos em renda fixa, os investidores estrangeiros desmontaram posições que mantinham nos mercado futuros de juros.
Os ingressos de investimentos estrangeiros diretos se mantiveram fortes em julho, com movimento líquido de US$ 3,240 bilhões. Os números parciais de agosto são ainda mais favoráveis: até o dia 21, entraram US$ 4,5 bilhões no país, e a expectativa do BC é que o volume chegue a US$ 5,2 bilhões. No acumulado em 12 meses até julho, os investimentos diretos somam US$ 30,061 bilhões, mais do que financiando o déficit em conta corrente do período, que foi de US$ 19,494 bilhões. De janeiro a julho, os investimentos diretos (US$ 19,942 bilhões) financiaram o déficit em conta corrente do período (US$ 19,512 bilhões).
Os investimentos diretos brasileiros no exterior, que somaram apenas US$ 412 milhões em julho, ganharam novo impulso neste mês, com um movimento de US$ 3,2 bilhões, nos dados parciais até o dia 21. Foram puxados por uma operação da mineradora MMX. De janeiro a julho, as saídas de investimentos brasileiros diretos chegaram a US$ 8,991 bilhões, segundo o BC.
O mercado de câmbio contratado registra superávit de US$ 3,7 bilhões em agosto, até o dia 21. O resultado tem sido possível em virtude do melhor desempenho nas contas correntes, com recuperação ao comércio exterior (o saldo comercial contratado foi de US$ 4,033 bilhões) e desaceleração de despesas com serviços e rendas, como remessas de lucros e dividendos, turismo internacional e fretes. O alto volume de investimentos diretos e a redução das saídas de recursos aplicados em Bolsas também contribuíram para o saldo positivo no câmbio contratado.
Os bancos absorveram a maior parte do saldo do mercado de câmbio, aumentando sua posição comprada em câmbio de US$ 2,987 bilhões para US$ 6,067 bilhões, ente julho e o dia 21 de agosto. As compras de dólares pelo BC são estimadas em cerca de US$ 650 milhões. (AR)