Título: Demanda externa aquecida eleva a produção de fumo
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 22/08/2008, Agronegócios, p. B11

Estimulada pela elevação dos preços e pela demanda aquecida no mercado externo, a produção brasileira de fumo para cigarros deve alcançar 760 mil toneladas na safra 2008/09, 5,5% acima do ciclo anterior, que fechou em 720 mil toneladas, e igual ao volume apurado no período 2006/07. As exportações também deverão crescer em faturamento em 2008, beneficiadas pela melhor qualidade do produto cultivado em 730 municípios dos três Estados da região Sul e pela redução dos estoques mundiais, disse na quinta-feira o presidente do Sindicato da Indústria do Fumo (Sindifumo), Iro Schünke.

A entidade prevê o embarque de 650 mil toneladas este ano, com receitas de US$ 2,6 bilhões, o que mantém o país como o maior exportador mundial do produto, seguido pelos EUA em valor e pela Índia em volume. Em 2007 haviam sido exportadas 700 mil toneladas, e a receita ficou em US$ 2,2 bilhões. Cerca de 85% da safra brasileira é destinada à exportação, principalmente para a União Européia, China, Japão, EUA e Leste Europeu. O maior produtor é a China, com 2 milhões de toneladas anuais ante uma produção mundial em torno de 5,5 milhões de toneladas.

Segundo o presidente do Sindifumo, os estoques mundiais de fumo vêm caindo desde 2000, quando ficaram em 8,19 milhões de toneladas, e chegaram a 5,09 milhões em 2007, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). Ao mesmo tempo, o consumo mundial de cigarros segue estável na faixa de 5,5 bilhões de unidades por ano e deve permanecer assim pelo menos até 2015, estima a Tobacco Merchants Association (TMA).

A safra 2007/08, finalizada este mês com o encerramento das compras pelas indústrias de beneficiamento, foi 5,3% menor do que a anterior, mas superou as projeções do Sindifumo, que originalmente previa 703 mil toneladas e em janeiro havia revisto a estimativa para 678 mil toneladas. Conforme Schünke, os temores de quebra das lavouras nas áreas de plantio tardio, em outubro, no sul do Rio Grande do Sul e do Paraná, não se confirmaram, e a área colhida chegou a 354 mil hectares, 10 mil a mais do que o projetado.

Para a safra 2008/09, que já começou a ser plantada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, a expectativa de área chega a 376 mil hectares, após aumento de 7,6% do preço ao produtor no início do ano. Com o reajuste e a boa qualidade da produção, o valor médio pago aos 186 mil pequenos fumicultores integrados da região Sul avançou de R$ 4,25 para R$ 5,42 o quilo este ano, disse Schünke. Os preços para 2009 serão negociados a partir de novembro.

Os produtores gaúchos respondem por 50% da safra brasileira, seguidos pelos catarinenses (33%) paranaenses (17%). O Rio Grande do Sul também beneficia de 75% a 80% do fumo, o que já provoca acúmulo de mais de R$ 200 milhões em créditos de ICMS pelas empresas exportadoras que recolhem a alíquota interestadual de 12% na compra de fumo de Santa Catarina e do Paraná. A dificuldade em aproveitar esses créditos já levou a Universal Leaf Tabacos e a CTA a decidirem pela transferência de unidades industriais para Santa Catarina, e outras podem seguir o mesmo caminho se não houver acordo entre os Estados que garanta imunidade tributária na transferência interestadual da matéria-prima, alertou Schünke.